Grupo de grafiteiras espalha cores, letras e personagens nos muros de Belo Horizonte

Quarteto formado pelas artistas Krol, Viber, Musa e Nica também tem trabalhos em outras cidades do estado

por Ana Clara Brant 23/12/2012 07:37

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Jair Amaral/EM/D.A Press
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Carolina Jaued, Lídia Soares, Louise Líbero e Nayara Gessyca, ou melhor, Krol, Viber, Musa e Nica, formam um quarteto fantástico de meninas que transformam espaços públicos em verdadeiras obras de arte. Elas são grafiteiras e pintam e bordam em Belo Horizonte há pelo menos sete anos. Num universo essencialmente masculino, as garotas – que têm na faixa de 20 anos – decidiram se juntar e criaram, em julho, uma crew (conjunto de grafiteiros). As Minas de Minas, nome mais do que apropriado, têm como objetivo fomentar projetos, ser uma referência, principalmente entre as mulheres, e contribuir para o crescimento e o fortalecimento da cultura hip-hop. “A gente participa de muitos eventos fora daqui e ficamos conhecidas como as minas de Minas, até porque, são poucas as mulheres que grafitam assiduamente no estado. A ideia surgiu para fazer um movimento na cidade. Temos a intenção de realizar em BH um evento internacional, mas ainda dependemos de patrocínio. E mais do que nunca queremos mostrar que mulher pode grafitar”, enfatiza Lídia, a Viber, de 26 anos. Palavras, letras e desenhos. As marcas das Minas estão espalhadas pela capital e até em cidades do interior, como Juiz de Fora. Seja em muros e paredes, públicos ou privados. E até o fim do ano elas pretendem criar mais uma obra de arte: o mural Parque do Terror, que deve ser pintado no Padre Eustáquio ou no Jaraguá. “Sempre quando vamos grafitar, temos que pedir autorização para o dono do muro. E muitas vezes não é um processo tão simples. Teve um que negociamos durante uns quatro dias, mas acabou dando certo. Por incrível que pareça, os espaços públicos são os mais complicados, porque a gente nunca sabe para quem pedir. A prefeitura tem tantos órgãos e secretarias que fica meio difícil”, lamenta Nayara, a Nica, de 25 anos. EM GRUPO Mesmo fazendo parte de um grupo, isso não significa que elas têm que trabalhar o tempo todo juntas. A caçula da turma, Carolina Jaued, a Krol, de 23 anos, revela que uma já conhece o estilo da outra e que sempre conversam antes para elaborarem as ideias, aí então é que esboçam um leiaute para depois colocar a mão na massa, ou melhor, no spray. “Eu e a Viber gostamos mais de desenhar personagens e a Nica e a Musa preferem as letras. Não é porque somos uma crew que temos que fazer todos os projetos juntas. Também pintamos separadamente. Mas funciona bem quando é todo mundo. Há uma interação e o grafite tem essa coisa do coletivo que é bem bacana”, frisa a grafiteira. Para Krol – que entrou para o mundo do grafite por influência do irmão e do namorado – o que mais atrai neste universo é a possibilidade de compartilhar experiências. “Especialmente quando participamos de eventos com gente de fora. Temos a possibilidade de conviver e conhecer culturas diferentes. Isso é o mais interessante”, opina. Já Lídia confessa que nunca ligou muito para o grafite, mas quando participou de uma oficina há 10 anos, junto com o namorado, também grafiteiro, tudo mudou. “Comecei meio sem esperar nada e para ver no que ia dar. Acabei gostando, conhecendo muita gente bacana. O grafite era e ainda é uma maneira de eu poder ir para a rua, porque eu fui criada dentro de casa”, justifica. Também por influência do namorado, Louise, a Musa, de 25 anos, gosta desta manifestação artística porque, além de ser um hobby, não deixa de ser uma forma de liberdade de expressão. “É ali na parede e no muro que manifestamos o que sentimos, o que pensamos, o que gostamos”, resume. A mesma sensação tem a amiga Nica, que faz questão de ressaltar a diferença entre pichar e grafitar. “Para o leigo, tudo é pichação. Mas não é bem assim. Porque, quando alguém picha, quer demarcar território, e o grafite tem muita coisa por trás, tem toda uma ideia. É por isso que gosto tanto. Adoro o grafite porque desligo total do sistema. Quando você está no muro, se esquece da vida. É um mundo paralelo em que me realizo completamente”, filosofa. QUEM SÃO AS MINAS Carolina Jaued (Krol), 23 anos Mora no Bairro Jaraguá, Região da Pampulha. Além do grafite, trabalha como auxiliar administrativa da Prefeitura de Belo Horizonte. Estuda publicidade e propaganda e é empresária. Criou em 2007 a Red Nails, grife de roupas alternativas. Lídia Soares (Viber), 26 Mora no Taquaril, Região Leste, onde trabalha como dog walker (passeia com cachorros) e é educadora social do projeto Fica Vivo. Estuda cinema de animação e artes digitais na UFMG. Com o namorado, o também grafiteiro Nilo Zack, criou a crew C-Tor 9, que engloba uma marca de roupas. Para conhecer mais sobre o trabalho de Viber: www.flickr.com/viber Louise Líbero (Musa), 25 Mora no Horto, na Região Leste. Estuda engenharia de minas e trabalha em uma empresa de mineração. Em parceria com o companheiro, também tem uma crew e uma loja chamada Real Vandal. Nayara Gessyca (Nica), 25 Mora em Venda Nova e trabalha como maquiadora e promotora de eventos. É proprietária, ao lado do marido, da grife S.I.M., de roupas alternativas.

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