Livro sobre a vida e a carreira de Paulo Gracindo revela momentos marcantes

por Ailton Magioli 06/12/2012 10:02

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Arquivo Gracindo Jr./Divulgação
Paulo Gracindo, que também foi locutor e poeta, criou alguns dos tipos mais populares da TV brasileira (foto: Arquivo Gracindo Jr./Divulgação)
O velho Salomon, da peça O preço, de Arthur Miller, com a qual Paulo Gracindo (1911-1995) se despediu dos palcos, em 1991, é o único personagem incorporado pelo pai que o filho Gracindo Junior, de 69 anos, gostaria de viver em cena. “Pela composição, pelo trabalho lindo que o meu pai fez do velho judeu. Ali a gente via que havia muita pesquisa e estudos. O resultado cênico era tão primoroso que talvez tenha sido o papel mais bonito que tenha visto ele fazer”, derrete-se Gracindo Junior, que depois da temporada carioca de Canastrões, com a qual comemora o centenário do pai ao lado dos filhos (e netos de Paulo) Gabriel Gracindo, de 35 anos, e Pedro Gracindo, de 27, vai iniciar pelo Nordeste a turnê nacional do espetáculo, que deverá chegar a Belo Horizonte em seis meses.

A última etapa das comemorações é o livro Um século de Paulo Gracindo – O eterno Bem-Amado, que ele escreveu ao lado do pesquisador Mauro Alencar e chegou ao mercado pela Editora Gutenberg. “É o meu documentário escrito”, afirma Gracindo Junior, cuja origem da homenagem ao pai foi o longa-documentário Paulo Gracindo – O Bem-Amado. “Peguei carona no grande personagem de Dias Gomes, que, na verdade, nunca foi Odorico Paraguaçu. Foi Paulo Gracindo, o Bem-Amado, que se tornou um selo internacional”, avaliza o também ator, lembrando que o documentário já ganhou o formato DVD. Em meio às comemorações do centenário, ele também conseguiu que a TV Globo e o Canal Brasil fizessem uma semana de programação dedicada ao pai.

Em Canastrões, mais do que a história de Paulo Gracindo, Gracindo Junior levar à cena a história do ator que o pai representa. Originalmente montada em Portugal, onde cumpriu temporada de março a junho, a peça esteve em cartaz no Rio, de julho a outubro, retomando carreira agora para a turnê nacional, que vai começar pelo Nordeste, chegando depois a Brasília, Belo Horizonte e outras cidades. O parceiro de livro, Mauro Alencar, iniciou-se em teledramaturgia, na qual se especializou, via Tucão, o personagem que Paulo Gracindo fez em Bandeira dois, de Dias Gomes, que foi o primeiro grande sucesso do ator na TV. Graças a ele, o pesquisador defendeu tese na Universidade de São Paulo (USP). Paulistano, 50 anos, Mauro é considerado um dos maiores especialistas em telenovelas no mundo, é mestre e doutor em teledramaturgia brasileira e latino-americana pela mesma USP.

Multimídia Pelópidas Guimarães Brandão Gracindo, o Paulo Gracindo, é antes de tudo, como gostam de lembrar os amigos, um ator-personagem. Com extensa passagem pelo rádio, TV, teatro e cinema, ele foi uma das figuras mais emblemáticas e populares do cenário artístico brasileiro como ator, locutor, animador de auditório, compositor, redator e poeta. Um verdadeiro multimídia, como faz questão de lembrar o filho Gracindo Junior. De O direito de nascer (Alberto Limonta) a O Bem-Amado (Odorico Paraguaçu), passando por Balança mas não cai (Primo Rico) e O casarão (João Maciel), não há quem não se lembre de um de seus inúmeros personagens na telinha.

“Vivi no palco e representei na vida”, gostava de dizer o próprio Paulo Gracindo, numa alusão à existência dedicada à arte. A frase acabaria influenciando o filho Gracindo Junior, para quem a vida é o próprio palco. “Trabalho em função de ir para o palco, isso herdei de meu pai”, afirma o ator, que, apesar da família, diz se sentir melhor no palco, onde ele encontrou a profissão que, a princípio, não agradou ao próprio Paulo Gracindo. “Ele não queria que eu fosse ator de jeito nenhum”, recorda Gracindo Junior, que, na realidade, começou em rádio aos 15 anos. Em 1960, ele foi para o teatro, chegando posteriormente à TV Globo, em 1964. Atualmente contratado da TV Record, o mais recente trabalho do ator foi na série O rei Davi, atualmente em reprise.
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Um século de Paulo Gracindo – O eterno Bem-Amado
De Gracindo Junior e Mauro Alencar
Editora Gutenberg, 274 páginas, R$ 67

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