Mostra em NY revela complexo método criativo de Matisse

Exibição intitulada Matisse: In Search of True Painting recria famosa exposição do artista francês em Paris

por Agência Estado 03/12/2012 14:54

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AFP PHOTO/Stan HONDA
(foto: AFP PHOTO/Stan HONDA )
Por ele ser um dos maiores maestros da cor, é surpreendente saber que para Henri Matisse (1869-1954) nunca foi fácil pintar. Ele sempre reavaliou e repintou seus quadros, repetindo composições para comparar efeitos, em busca da "pintura real", como explicou numa carta a Amélie, sua mulher. Matisse: In Search of True Painting ("em busca da pintura verdadeira", em tradução livre), exposição especial que o Metropolitan Museum de NY abre nesta terça-feira, 4, mostra a necessidade dele em progredir, metodicamente, de uma pintura para a outra, criando pares, trios ou séries. Esta maneira de pintar não é exclusiva de Matisse mas, em seu caso, é impressionante. Como sublinha Rebecca Rabinow, organizadora da mostra no Met, o processo de criação não era um meio para ele chegar ao que pretendia, "mas uma dimensão da sua arte tão importante quanto a tela terminada". Leia também: Três mostras em cartaz em Belo Horizonte reúnem precioso acervo audiovisual Essa dimensão ficou praticamente desconhecida até dezembro de 1945, quando o pintor apresentou seis dos seus quadros mais recentes na inauguração da Galerie Maeght, em Paris, rodeados por ampliações de fotografias tiradas ao longo da evolução deles sobre a tela. Matisse começou a usar esse método mecânico no início da década de 1930, substituindo os duplos, trios ou séries com que trabalhou por cerca de 20 anos. Os óleos sobre tela A França (1939), O Sonho (1940) e Natureza-Morta com Magnólia (1941) estão em destaque numa sala que recria a exposição na Maeght. O Sonho, que ele descreveu como "um anjo adormecido sobre uma superfície violeta - o violeta mais bonito que já vi", foi uma das pinturas mais estimadas por Matisse e ele se recusou a vendê-la até o fim da vida. As fotos feitas entre janeiro e setembro de 1940, enquanto ele trabalhava no quadro, mostram como este foi radicalmente transformado. No início havia plantas depois uma natureza-morta sobre a mesa; a certa altura, a folhagem ocupou só uma barra no topo e, no fim, os acréscimos desapareceram, ficando apenas o arranjo simplificado de formas e cores em torno do anjo. As fotos, que até então só eram conhecidas por alguns poucos colecionadores e marchands, dissiparam a noção de que Matisse pintava espontaneamente, comprovando como sua pintura resultava de um processo complexo. "Neste ponto, acho que ele sentiu ter conseguido tudo o que podia na pintura", diz Rebecca. Então ele parou de pintar e foi "desenhar com tesouras", como dizia, dedicando-se aos recortes de papel que produziu nos últimos anos de vida. As 49 obras que se sucedem em Matisse: In Search of True Painting, aberta até 17 de março, permitem acompanhar as alternativas que ele buscava para questões de representação, do papel da cor ou sobre o que é uma pintura terminada. Inseguranças, dúvidas e soluções transparecem quando os quadros são vistos em pares e trios, recurso usado desde os primeiros que ele pintou, como Natureza-Morta com Compota e Frutas e Natureza-Morta com Compota, Maçãs e Laranjas, ambos de 1899, que abrem a exposição no Met. Curadora do Departamento de Arte Moderna e Contemporânea do Met, Rebecca estuda a obra de Matisse há mais de 20 anos. Ao organizar uma exposição sobre o impacto na arte moderna provocado pelo patrocínio da família Stein (Gertrude, seus irmãos Leo e Michael, além de Sarah, mulher do segundo) a artistas no início do século 20, decidiu investigar por que Matisse estava fazendo duplos naquela época. Daí surgiu esta exposição, elogiada como uma das mais instrutivas sobre o pintor francês ao ser exibida no primeiro semestre deste ano no Centre Pompidou, em Paris, e no Statens Museum for Kunst, de Copenhagen.

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