Exposição Viva Elis será aberta nesta terça em duas galerias do Palácio das Artes

Mostra reúne 200 fotografias históricas da Pimentinha, inclusive a última imagem da cantora em BH

por Sérgio Rodrigo Reis 19/11/2012 08:37

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Acervo exposicao
A imagem da artista, ícone de um dos momentos mais brilhantes da MPB (foto: Acervo exposicao "Viva Elis" - Fotos da exposicao Viva Elis )
Esfuziante, Elis Regina parecia em transe ao interpretar uma das canções do show Trem azul, no palco do Grande Teatro do Palácio das Artes. Era novembro de 1981. Diante da cena, o fotógrafo Arnaldo Barreto não se conteve: entusiasmado, mirou as lentes na cantora e registrou uma das últimas imagens dela em vida. Essa fotografia emblemática é uma das preciosidades da exposição Viva Elis, que será aberta ao público nesta terça-feira, nas galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa Lima do Palácio das Artes. Depois de atrair cerca de 200 mil visitantes em São Paulo, Porto Alegre e no Rio de Janeiro, a mostra chega a BH disposta a encantar a legião de admiradores da artista, que veio à cidade várias vezes – e por aqui encontrou porto seguro e inspiração. Além de grandes amigos na capital, como o comunicador Tutti Maravilha, a família Borges e Milton Nascimento, Elis foi intérprete constante de composições dos mineiros. As cerca de 200 fotos da exposição deixam clara essa proximidade. O músico Telo Borges guarda na memória a emoção de ter tido uma de suas canções imortalizada pela voz da estrela.
Elis Regina e os três filhos: Maria Rita, Pedro Mariano e João Marcelo
(foto: Elis Regina e os três filhos: Maria Rita, Pedro Mariano e João Marcelo)
Em 1980, Telo e sua família foram à sede da gravadora Odeon, no Rio de Janeiro, para gravar o LP coletivo dos irmãos Borges. Havia lá um pequeno estúdio destinado aos “emergentes” – onde ficaram os mineiros – e outro, bem maior, para as estrelas. Numa tarde, Elis Regina entrou no estúdio, pegou Telo Borges pelo braço e o levou à sala ao lado. O rapaz de 19 anos ouviu, em primeira mão, a versão dela para Vento de maio, canção composta por ele em parceria com os irmãos Márcio e Lô. “Chorei pra caramba. Elis era das poucas intérpretes que colocam alma quando canta”, diz Telo. Viva Elis recupera momentos inesquecíveis da diva da MPB. Dividida cronologicamente em núcleos temáticos, a exposição permite ao visitante encontrar a garotinha que começou a cantar na Rádio Farroupilha, em Porto Alegre, e logo depois foi contratada pela concorrente, a Rádio Gaúcha. Ali ela trabalhou até 1964. Aos 19 anos, concluiu que seu espaço havia se esgotado na terra natal. Em seguida, o público vai se deparar com a fase carioca da cantora. “É quando fazemos referência ao Beco das Garrafas, onde ela passou a se apresentar; ao programa Fino da bossa, na TV Record; e aos momentos de fama, em que Elis aparece na mídia ao participar de festivais nacionais e turnês europeias”, conta o curador Allen Guimarães. A consagração profissional de Elis Regina inspirou a sala Em pleno verão, referência ao disco de 1970, grande sucesso popular. Esse eixo temático tenta desmitificar a aura de cantora conturbada, enfatizando o forte lado familiar da artista: mulher intensa, mãe de três filhos e defensora dos amigos. A sala termina com a última performance dela no palco, em dezembro de 1981. No mês anterior, havia apresentado o show Trem azul no Grande Teatro do Palácio das Artes. Filmes acompanham todo o percurso do espectador de Viva Elis, culminando na instalação em que é exibido, em 180 graus, documentário sobre a artista, a mulher, a mãe e a ativista. Também há curiosidades, como o espaço dedicado aos discos. “Optamos por apresentar apenas os álbuns que ela escolheu gravar”, explica o curador. A exposição faz parte de amplo projeto iniciado em março, no Rio de Janeiro, com show da cantora Maria Rita. Pela primeira vez, ela interpretou o repertório da mãe. Esse espetáculo fez turnê por várias capitais, inclusive BH. No ano que vem, a homenagem vai se desdobrar na publicação do livro escrito pelo curador Allen Guimarães, fã e especialista no legado de Elis. Depois de passar anos pesquisando, Ellen se surpreendeu com o que descobriu. “Elis era mãe fervorosa, acordava a qualquer momento para tomar café com os filhos, além de ser companheira de verdade dos amigos e artista brava à beça. A Pimentinha só aparecia quando pisavam em seu calo. Ela nunca estourava quando não tinha razão”, garante ele.
Acervo exposicao
Vestida de gala para a primeira comunhão, em foto de 1974 e aos 2 anos, já fazendo pose de estrela (foto: Acervo exposicao "Viva Elis" - Fotos da exposicao Viva Elis )
DEPOIMENTO Arnaldo Barreto, engenheiro "Era novembro de 1981. Tinha o hábito de ir a shows tirar fotos e, como fã, resolvi fazer o mesmo com a Elis Regina, no show Trem azul. Gostei da música e do repertório, foi grandioso. Mas a achei muito seca. Ela entrou, cantou e não falou mais nada. No fim, agradeceu. E pronto, acabou. Lembro-me de que fui embora do Palácio da Artes invocado. Ela já devia não estar bem, pois pouco depois, em janeiro de 1982, aconteceu tudo aquilo. Mas o ocorrido não diminuiu a minha admiração. Até hoje sou fã da Elis, guardo várias fotos daquele dia"

VIVA ELIS Desta terça-feira a 6 de janeiro. Galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa Lima do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). De terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h; domingo, das 16h às 21h. Entrada franca. Informações: (031) 3236-7400.



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