Dois espetáculos de dança japoneses entram em cartaz em BH

Tabi e Lunaris serão encenados no Teatro Klauss Vianna (OI Futuro)

por Ana Clara Brant 14/11/2012 10:27

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João Caldas/Divulgação
O espetáculo Tabi é a atração de hoje no Teatro Klauss Vianna (foto: João Caldas/Divulgação)
O butoh é um movimento que mescla dança, artes plástica e literatura e surgiu no Japão pós-guerra, ganhando o mundo na década de 1970. Criado por Tatsumi Hijikata e Kazuo Ohno, o butoh é também inspirado nos movimentos de vanguarda: expressionismo, surrealismo e construtivismo. O público de Belo Horizonte terá a possibilidade de conhecer o mundo fascinante dessa manifestação nipônica em dois espetáculos de dança que já percorreram importantes palcos no Brasil e no exterior e chegam essa semana à capital. Tabi será encenado nesta quarta-feira, e Lunaris, nesta quinta, no Teatro Klauss Vianna (OI Futuro). Nos dois espetáculos, os artistas expressam o corpo e as suas possibilidades. “É um trabalho corporal expressivo que foca muito na questão do ser humano”, afirma a coreógrafa e dançarina-performer Emilie Sugai, neta de japoneses. “E é extremamente contemporâneo, apesar de se basear em algo tradicional.” Criado há 10 anos, Tabi (jornada, viagem) é fruto das indagações de Emilie quanto ao “corpo japonês/brasileiro” que se inicia no encontro com o multiartista japonês Takao Kusuno. Na produção, há uma busca no tempo da ancestralidade. A artista faz questão de ressaltar que não se trata de um resgate histórico da imigração japonesa no Brasil, mas dos questionamentos a partir do corpo, misturando fragmentos de memórias tanto individuais quanto coletivas. “Esse corpo é japonês, porém tem um modo de ser brasileiro. Em Tabi, experimentamos o corpo e suas possibilidades, que expressam nossas inquietações estéticas bem como o meu processo existencial. Trazemos a questão da cultura e das gerações para o palco”, complementa. A montagem conta também com Dorothy Lenner, octagenária atriz, bailarina, professora, diretora e pesquisadora, nascida na Romênia e radicada no Brasil. Formada pela Escola de Arte Dramática (EAD-USP) em 1958, Dorothy conheceu Takao Kusuno 20 anos depois, quando participou de seus primeiros trabalhos. Lunaris O outro espetáculo, Lunaris, é inspirado na poesia zen-budista de Matsuó Bashô (1644–1694), considerado o criador do haikai, forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade. A produção se baseou justamente em um dos haikais de Bashô. Segundo Emilie Sugai, o mundo em que se passa essa montagem de dança-teatro cria uma interface artística entre a linguagem do corpo e a imagem da lua, aliada ao imaginário poético que ela, seus mitos, suas fases e sombras inspiram e ressoam em vários níveis sociais e culturais. “Os japoneses têm uma admiração e uma relação antiga muito forte com a Lua e adoram contemplá-la. Além disso, trago a coisa da sombra e da obscuridade. O meu corpo recria formas ancestrais das personas de um guerreiro, de um pescador e de uma anciã que vagueiam em torno de um lago, contemplando a Lua. É extremamente poético e interessante”, explica. Tabi Quarta-feira, às 21h, no Teatro Klauss Vianna OI Futuro (Av. Afonso Pena, 4.001, Mangabeiras). Quinta-feira, no mesmo horário e local, será a vez de Lunaris. Ingressos a R$ 15. Informações: (31) 3229-3131 e www.emiliesugai.com.br Saiba mais Emilie Sugai A artista descendente de japoneses desenvolve uma linguagem própria e singular, em criações solos e em grupos, fruto de suas inquietações artísticas e de vida, geradas das influências recebidas de seu mestre Takao Kusuno (1945–2001) no período de 1991 a 2001, das pesquisas relacionadas às memórias do corpo, da ancestralidade e de colaborações com artistas da dança, teatro, cinema e da vídeoarte. Criou os espetáculos Tabi (2002), Totem (2004), Intimidade das imagens (2006), Hagoromo: o manto de plumas (2008) e O mundo que passa (2011). Participou das produções Foi Carmen Miranda (2005), sob direção de Antunes Filho, e em Tóquio, com a Cia. Pappa Tarahumara, de Heart of gold (2005), de Hiroshi Koike, baseado na obra Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Marques.ll

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