Mostra Museu revelado une outra vez o Museu de Arte da Pampulha e a Casa do Baile ao projeto arquitetônico de Brasília

União é vontade do arquiteto Oscar Niemeyer

por Sérgio Rodrigo Reis 13/11/2012 10:01

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(Eduardo Eckenfels/Divulgação)
Lagoa, instalação de Márcia Xavier, oferece vista aérea panorâmica da Pampulha (foto: (Eduardo Eckenfels/Divulgação))
Há 10 anos, o arquiteto Oscar Niemeyer visitou na orla da Lagoa da Pampulha um dos projetos de que mais se orgulha: a Casa do Baile. À época, depois de criteriosa reforma, o equipamento da Prefeitura de Belo Horizonte reabriu as portas para funcionar como espaço dedicado à arquitetura, ao urbanismo e ao estudo do design. Diante da beleza plástica renovada, decidiu desenhar, na parede principal, dentro do edifício, um croqui do conjunto arquitetônico da Pampulha e vários ícones de Brasília, estabelecendo relação simbólica entre os dois lugares. Pois sempre que pôde repetiu: “Brasília nasceu aqui”. Leia também:

 

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Ricardo Homem abre mostra nesta terça-feira na Galeria de Arte da Cemig A recente exposição Museu revelado, que acaba de ser aberta ao público no lugar e também no Museu de Arte da Pampulha, retoma, de alguma maneira, o elo simbólico estabelecido lá atrás por Niemeyer. Quem entrar na Casa do Baile, verá ao centro a obra da artista Márcia Xavier. Trata-se de Lagoa, instalação em que o público poderá entrar e se deparar com vista aérea panorâmica da Pampulha dos tempos atuais, emoldurada por parede de espelhos de efeito alucinante. Colocado diante da paisagem imaginada no início da década de 1940 pelo arquiteto, o trabalho estabelece diálogo sensível entre esses dois mundos, a arquitetura e as artes plásticas, sempre próximos no trabalho de Niemeyer. O arquiteto, da Escola de Belas Artes do Rio, não distanciou os dois campos do conhecimento. Ao contrário. “Ele não conseguia entender a arquitetura desvencilhada das artes plásticas. Tanto que privilegia a plástica à funcionalidade. É um artista antes de tudo. Daí o fato de pensar nas curvas, na natureza e nos sentidos das coisas”, explica o arquiteto Leônidas Oliveira, atual presidente da Fundação Municipal de Cultura. Com liberdade de criação em Belo Horizonte proporcionada por Juscelino Kubitschek, Niemeyer fez o que quis, com a ajuda de amigos artistas, como Burle Marx e tantos outros. Nas paredes da Casa do Baile está reproduzida uma frase dele sobre aqueles tempos: “Pampulha foi o início de Brasília, os mesmos problemas, a mesma correria, o mesmo entusiasmo. E seu êxito influiu, com certeza, na determinação com que JK construiu a nova capital”. E, de próprio punho, com letra tremida, não perdeu a chance de reafirmar as convicções para a posteridade, quando escreveu na parede: “Todos contra Bush” e “MST: A terra é de todos”. História Inaugurada em 1943, a Casa do Baile comportava um restaurante com pista de dança, cozinha e toaletes. Situada numa ilha artificial, ligada por uma pequena ponte de concreto à orla, foi projetada com a finalidade de proporcionar, na Pampulha, espaço de diversão popular. O projeto original buscava uma integração com o ambiente da lagoa. Estão evidentes as curvas (sua marca registrada) com mais desenvoltura. A planta se desenvolve a partir de duas circunferências que se tangenciam internamente. Delas desprende-se uma marquise sinuosa, bem ao gosto barroco, que provoca o olhar dialogando com as curvas das margens da represa.



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