Livro de jornalista britânico traz cartas, bilhetes e autógrafos de John Lennon

Na obra são encontradas raridades, como as palavras escritas pelo ex-beatle poucas horas antes de sua morte

Ana Clara Brant 02/11/2012 07:00
(Reuters/arquivo)
Correspondência revela farpas entre Paul McCartney e John Lennon por causa do fim dos Beatles (foto: (Reuters/arquivo))
Todo o mundo conhece o poeta e compositor John Lennon (1940-1980). Só por esse motivo é de se imaginar que o artista nascido em Liverpool, na Inglaterra, adorava escrever. Por meio das palavras, Lennon exprimia frustrações, alegrias, medos e decepções. Em outubro de 2010, o escritor e jornalista britânico Hunter Davies – autor de A vida dos Beatles, de 1968, única biografia autorizada da banda – teve um encontro com a viúva do ex-beatle, Yoko Ono. Dali surgiu a ideia de revelar as cartas de John Lennon. https://www.em.com.br/especiais/beatleweek/', '_blank', '')"> Leia mais sobre a banda no especial da Beatle Week
Desde então, Davies passou a compilar escritos desconhecidos do beatle, que reúnem também cartões-postais, autógrafos, bilhetes e notas. Esse é o mote do livro As cartas de John Lennon, coleção completa da correspondência do músico, que não deixa de ser uma espécie de autobiografia, pois conta a história do cantor e compositor britânico.
Para a geração acostumada a redes sociais, e-mails e afins, é especialmente interessante se deparar com um artigo cada vez mais raro: as cartas. Cada uma delas é precedida de introdução, esclarecendo quem era o destinatário e explicando melhor o conteúdo. Há raridades, como a primeira carta escrita por Lennon, aos 10 anos. Com caligrafia caprichada e ortografia e pontuação perfeitas, o menino agradecia à tia Harriet os presentes que ela havia lhe mandado no Natal de 1951.
Há cartas de um apaixonado e carente John Lennon para a futura esposa, Cynthia, enquanto os Beatles aperfeiçoavam suas canções na zona do baixo meretrício de Hamburgo, na Alemanha. Também está ali a perversa troca de farpas com Paul McCartney depois do fim do grupo, sem falar nas, provavelmente, últimas palavras que Lennon escreveu. O autógrafo foi dado à moça que trabalhava na mesa de som do estúdio onde o ex-beatle se encontrava poucas horas antes de ser assassinado. O texto, de 8 de dezembro de 1980, dizia: “Para Ribeah, com amor John Lennon e Yoko Ono” e vinha acompanhado de uma autocaricatura e do desenho da esposa. Fato curioso: boa parte dos achados de Hunter Davies traz desenhos produzidos por John Lennon, sejam retratando a si próprio ou algo alusivo ao conteúdo da carta.
Lizzie Um dos casos curiosos da publicação envolve a brasileira Lizzie Bravo, fervorosa beatlemaníaca. Em 1968, aos 16 anos, ela participou da gravação de Across the universe, dividindo os backing vocals com a amiga Gayleen Pease. A versão com a voz de Lizzie foi lançada no disco No one’s gonna change our world, álbum beneficente que reuniu vários artistas. O livro de Davies traz um bilhete de John Lennon para Lizzie, assinado na foto que ela tirou do ídolo. No texto, Lennon a agradece pelo ótimo ano. 
Com prefácio de Yoko Ono, As cartas de John Lennon oferece farto e rico material para fãs e admiradores do músico. Mais que isso, traz escritos inéditos. Como o próprio autor cita na introdução: “As cartas têm de passar por duas provas antes de poder ser classificadas como boas – devem exprimir a personalidade do escritor e também do destinatário.” A obra é fiel a isso.
AS CARTAS DE JOHN LENNON
Org: Hunter Davies
Editora Planeta, 400 páginas, 
R$ 59,90

MAIS SOBRE E-MAIS