Musical no Rio relê clássicos de Luiz Gonzaga

Em Gonzagão - A Lenda, Rei do Baião é representado em novas versões de sua obra

por Agência Estado 30/10/2012 14:16

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Natural de São Lourenço da Mata, pertinho do Recife, João Falcão nasceu em 1958, quando Luiz Gonzaga (1912-1989), filho de Exu, no mesmo Pernambuco, já contava mais de cinco dezenas de LPs, os maiores sucessos da carreira e vinte anos no Rio, fazendo fama com sua sanfona. A figura do Rei do Baião sempre esteve fortemente presente - no imaginário familiar e popular, no repertório do dia a dia e nas festas juninas. Às vezes, em viagens, ele encontrava o artista em restaurantes de beira de estrada, entre um show e outro. O dramaturgo também queria prestar a sua homenagem neste ano do centenário. Não na linha estritamente biográfica, como Breno Silveira fez em Gonzaga, de Pai Pra Filho, que estreou na  sexta, 26. "Queria fazer a homenagem do teatro", explica o autor e diretor de Gonzagão - A Lenda, em cartaz no Teatro do Sesc Ginástico (Rua Graça Aranha, 187, Rio, tel. 21-2279-4027). Falcão leu tudo que encontrou sobre seu personagem. Preferiu uma abordagem "mais lúdica" do que "wikipédica". Falar mais do que mito (o menino pobre que ganhou majestade, o criador não só de um gênero, mais da própria ideia de sertão) do que do homem (o garoto que saiu de casa para tentar a sorte com música, o pai de Gonzaguinha). Imaginou uma trupe que, no futuro, conta a lenda do Rei Luiz, remetendo-se a um distante século 20. O sertão virou mar. Sob a poeira das décadas, o grupo encontra informações sobre a tal lenda ao longo do espetáculo. A voz de Gonzaga está em textos que Falcão extraiu das muitas entrevistas gravadas para a TV - ele adorava reminiscências. As mais de 50 músicas selecionadas, tocadas por quatro instrumentistas e cantadas por nove atores, também são episódios dessa história. O jovem e o velho Lua são interpretados ora por um ator, ora por outro. A sanfona é protagonista, mas não onipresente. "Como o texto e a direção não são realistas, vi a oportunidade de desviar da estética tradicional do baião, a sonoridade de raiz, a sanfona, a zabumba e o triângulo. Incluímos o cello, a rabeca, a viola caipira e a percussão com bateria", conta o diretor musical, Alexandre Elias, que vem do sucesso de Tim Maia - Vale Tudo. Pouca Diferença (Que diferença da mulher o homem tem?) tem toque de jazz; A Feira de Caruaru virou um funk; Assum Preto é cantada só ao som do cello; Qui Nem Jiló, rabeca e voz, é lentinha. Metade dos músicos e atores é nordestina, mas isso não foi um pré-requisito na fase de audições. Mais do que sotaque, o que se buscava era um canto natural, sem vícios - o que anda difícil de encontrar, segundo preparadores vocais, em tempos de supremacia de musicais da Broadway nos teatros. Uma surpresa do elenco é o sanfoneiro, cantor de forró e motorista de táxi Marcelo Mimoso, que nunca assistiu a uma peça de teatro.

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