Edição 2012 do concurso Expedição Cultural promove a cultura, o turismo e a cidadania

Em sua 3ª edição, projeto apresenta 20 grupos de performances cênicas do país para o público escolher os 10 que vão compor o roteiro. A votação já está aberta.

28/10/2012 08:41

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Arnaldo Viana

Acervo Grupo Galpão
A pela Romeu e Julieta é um dos expelos do Grupo Galpão de interatividade com o público (foto: Acervo Grupo Galpão)


Equivocadas escrituras – evidentemente há honrosas exceções – informam que as artes cênicas desembarcaram no Brasil com os portugueses. Ato falho. Esqueceram-se, os escribas, dos nativos. Tupis, guaranis, tupinambás, tapuias, carijós, tamoios, amaupiras, potiguaras e outras nações indígenas, que aqui já reinavam havia milhares de anos, só não receberam Pedro Álvares Cabral e sua comitiva com danças e rituais de hospitalidade porque temiam o desconhecido. E não sem razão, como comprova a própria história.

As perfomances trazidas pelos portugueses enriqueceram-se com as tradições indígenas e, depois, com os cultos e cânticos africanos. Ganharam ainda mais diversidade com a contribuição de imigrantes japoneses, italianos, espanhóis, alemães e outros. E é pelo vasto mundo das artes cênicas brasileiras que a edição 2012 do concurso Expedição Cultural, realização do Estado de Minas, com patrocínio da Petrobras, vai viajar, mais uma vez com a missão de promover a cultura, o turismo e a cidadania.

Nas duas edições anteriores, a Expedição Cultural conheceu e apresentou ao público importantes e imponentes conjuntos do patrimônio histórico e artístico do país, como a Casa de Guimarães Rosa, em Cordisburgo, no sertão mineiro; o Museu do Mar, em São Francisco do Sul (SC); e o Museu de Arte de São Paulo (Masp). Os vencedores do concurso, por meio do site www.expedicaocultural.com.br, foram premiados com viagens para conhecer alguns dos monumentos apresentados.

Este ano, com a proposta de reconhecer e divulgar as principais manifestações culturais, dentro do conjunto de artes cênicas – teatro, dança, música, circo, entre outras manifestações –, registrar suas características regionais e levá-las ao conhecimento geral, o roteiro do concurso Expedição Cultural será construído, pela primeira vez, com a participação do público. Uma comissão formada por nomes ligados ao tema selecionou 20 grupos cênicos (veja lista), que já estão em votação no www.expedicaocultural.com.br. Os 10 mais votados vão compor o roteiro.

A comissão que escolheu os 20 grupos é formada pelo escritor e cronista do Estado de Minas Alcione Araújo; o jornalista João Paulo Cunha, editor do caderno de Cultura do EM; a diretora-executiva e de produção do Festival Internacional de Dança (FID ), Carla Lobo; a presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões (Sated-MG), Magdalena Rodrigues; o diretor teatral, ator e coordenador do Festival Internacional de Teatro (FIT), Marcelo Bones; e o presidente do Movimento de Teatro de Grupo, Carluty Ferreira.

Votos e prêmio

Os 10 indicados mais votados pelos internautas serão visitados pela equipe do projeto, para revelar a todo o país o seu trabalho e contribuição para a cultural nacional. A equipe de jornalistas – repórteres e fotógrafos – vai mostrar os bastidores do trabalho dos grupos, a rotina de ensaios e acervos. Todas essas informações serão compartilhadas no site e em matérias no Estado de Minas.

O site será o grande fio condutor do concurso. Por ele, as pessoas poderão votar, conhecer os grupos culturais, acompanhar o projeto Expedição Cultural, responder perguntas e participar do concurso, compartilhando uma experiência vivida com as diferentes manifestações de artes cênicas do país. A melhor resposta, eleita por uma comissão julgadora, receberá como prêmio uma viagem com acompanhante para 1 (uma) das opções de experiência cultural prédeterminada pela produção do concurso.

Na fase final será publicada a revista especial Expedição Cultural Estado de Minas, fartamente ilustrada, que vai circular encartada no jornal com informações exclusivas e particularidades de todos os grupo visitados.

Mais perto do povo

A arte é uma manifestação humana não devidamente popularizada. O que chama a atenção no Expedição Cultural é a arte frente a frente com o povo. São grupos distintos, de estados do Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país, com suas peculiaridades e performances específicas. O escritor e cronista Alcione Araújo, integrante da comissão que indicou as 20 companhias para votação no site, vê no projeto um importante meio de visibilidade.

“Como as instituições oficiais não têm essa preocupação, é sempre interessante a criação de canais de difusão, que levem a arte às pessoas. Se há pessoas que não a conhecem é porque não têm meios de conhecê-las”. Alcione acha interessante uma promoção desse nível em um estado central. E vê em Minas a possibilidade de um alcance significativo da ideia de disseminar o trabalho das companhias dedicadas às artes cênicas nos quatro cantos do país.

“É bom sair um pouco dessa polarização no eixo Rio–São Paulo.” Na opinião do escritor, isso pode ser um atrativo a mais. “Alceu Amoroso Lima disse que a montanha é limitadora do horizonte. Eu o rebati dizendo que do alto da montanha vê-se melhor o horizonte.” O projeto é ainda, na avaliação de Alcione, a oportunidade de recuperação de fatores estéticos que estão espalhados pelo país e levá-los ao conhecimento geral.

A iniciativa entusiasma também Carla Lobo, diretora-executiva e de produção do Festival Internacional de Dança (FID e integrante da comissão do Expedição Cultural. Tanto que no fim da tarde de sexta-feira, mesmo empenhada em finalizar os preparativos para mais um espetáculo, não se negou a falar do que espera do projeto. “É fantástica essa oportunidade que o público terá de conhecer os grupos e o trabalho que dá sustentar uma companhia.”

No Rio de Janeiro, Carla de Gonzáles, assessora do grupo Nós no Morro, um dos selecionados pela comissão, entende que o projeto vai permitir maior visibilidade desses grupos espalhados pelo país. “Acho bacana, principalmente pelo engajamento do público. O Brasil é grande e conhecer o que se produz de arte no país é um desafio. Essa proposta é uma oportunidade de divulgação, e com qualidade.”

“Para o Nós do Morro, com 26 anos de caminhada e resistência cultural, a ideia é interessante, e estamos aguardando os bons resultados.” Carla vê também a oportunidade de o grupo, mesmo com atores conhecido – a maioria trabalhou no filme Cidade de Deus – ganhar mais projeção entre o público mineiro e se apresentar pela primeira vez no estado. “Nunca estivemos em Minas.”

A ideia de estar frente a frente com o povo, mesmo por meio de um canal eletrônico, empolga qualquer artista. Eduardo Moreira, ator e fundador do Grupo Galpão, um dos selecionados, não esconde a empolgação: “Uma promoção que faz a aproximação do público com o teatro é louvável, uma proposta educativa e importante.”

Em quem votar


GRUPO GALPÃO (MG) –
Importante companhia teatral brasileira. Criado em 1982, desenvolve um trabalho que alia rigor, pesquisa e busca de linguagem, com montagem de peças com grande poder de comunicação com o público.

ARMAZÉM COMPANHIA DE TEATRO (RJ) – Foi formada em 1987, em Londrina (PR). Mudou-se para o Rio em 1998 e completa 25 anos de formação. Seus espetáculos são baseados em pesquisas temáticas, com dramaturgia própria.

TEATRO OFICINA (SP) – Surgiu em 1958, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Situa-se hoje num plano de vanguarda e inovações, como na adaptação de Os sertões, de Euclides da Cunha, para o teatro e o cinema.

TEATRO DA VERTIGEM (SP) – Iniciou seus trabalhos em 1991. Sempre inovando na linguagem e buscando espaços não convencionais, o grupo ficou famoso pela sua trilogia bíblica: O Paraíso perdido, O Livro de Jó e Apocalipse 1,11.

NÓS DO MORRO (RJ) – Foi fundado em 1986, com o objetivo de criar acesso à arte e à cultura para moradores do Morro do Vidigal, na capital fluminense. O projeto se consolidou e oferece cursos de formação em teatro e cinema.

GRUPO CORPO (MG) – Fundada em 1975, em Belo Horizonte, a companhia de dança é reconhecida tanto no Brasil quanto no exterior. Seus espetáculos promovem a empatia com o público, o entusiasmo da crítica e são sucesso de bilheteria.

CIA. DE DANÇA DEBORAH COLKER (RJ) – Nasceu em 1993, nos salões do clube Casa do Minho, onde Deborah Colker dava aulas. Em 1995, devido ao bom trabalho, o grupo conquistou o patrocínio da Petrobras e se firmou no panorama da dança mundial.

GRUPO ESPANCA (MG) – É um grupo de pessoas à procura de uma arte que seja reflexo da atualidade. Os atores vivem essencialmente envolvidos na criação de espetáculos de teatro que os ajudem a refletir sobre a condição de estar no mundo.

GIRAMUNDO (MG) –
Conquistou o mundo com 33 peças em 37 anos, quase uma montagem por ano. Este ritmo acelerado foi um dos responsáveis pela significativa coleção de personagens e pela experiência na montagem de espetáculos de teatro de bonecos.

INTRÉPIDA TRUPE (RJ) –
É o grupo que revolucionou o circo no Brasil. Desde 1986, seus espetáculos mesclam circo, teatro e dança, incorporando luz, música e efeitos especiais, resultando numa linguagem multimídia arrojada e pop.

GRUPO OFICINAMULTIMÉDIA (MG) – Pertence à Fundação de Educação Artística desde 1977, quando foi criado pelo compositor argentino Rufo Herrera, no curso de arte integrada do IX Festival de Inverno da UFMG.

ANTÔNIO NÓBREGA CIA. DE DANÇA (SP) – Natural do Recife, Antônio Nóbrega estudou violino clássico e canto lírico. Participou do Quinteto Armorial, com o qual gravou discos. A partir de 1976 passou a criar espetáculos, misturando dança e música.

QUASAR COMPANHIA DE DANÇA (GO) –
Renomado grupo de dança contemporânea, fundado em 1988. O reconhecimento no Brasil iniciou-se com o espetáculo Registro (1997), cinco vezes laureada no Prêmio Mambembe, da Funarte.

CLOWNS DE SHAKESPEARE (RN) – Fundado em 1993, em Natal, faz um trabalho de pesquisa teatral com foco na construção da presença cênica do ator e na musicalidade da cena e do corpo. No teatro popular, sempre busca perspectiva colaborativa.

CIA. SÃO JORGE DE VARIEDADES (SP) – Criada em 1998, visa a estabelecer, por meio de investigações permanentes, um processo de lapidação da cena bruta, utilizando artifícios e procedimentos simples e artesanais.

GRUPO BAGACEIRA DE TEATRO (CE) – Criado em Fortaleza, em 2000, rapidamente ganhou reconhecimento nacional devido a sua pesquisa autoral. Com textos e direções próprias, lançou desafios no âmbito da construção cênica e dramatúrgica.

CENA 11 (SC) – É uma companhia de formação e pesquisa em dança. Mantém uma rotina diária de sete horas entre ensaios e criações, pesquisas teóricas e práticas e condicionamento físico. Tem oito bailarinos em seu corpo efetivo.

CIA. DOS ATORES (RJ) – Foi formada em 1988 pelos atores Bel Garcia, Drica Moraes, César Augusto, Gustavo Gasparani, Marcelo Olinto, Marcelo Valle e Susana Ribeiro, como objetivo de estudar e experimentar possibilidades da cena teatral.

TEATRO DE ANÔNIMO (RJ) – Fundado em 1986, estrutura sua prática por meio da montagem e apresentação de espetáculos e da qualificação profissional de atores sociais, além do aperfeiçoamento de técnicas e modelos de gestão.

DIMENTI (BA) – É um grupo que busca inovar e, por isso, tem no currículo espetáculos que instigam e promovem um exercício continuado de falar de questões singulares, numa perspectiva excitante.

Como votar

Acessar www.expedicaocultural.com.br

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