Jayme Reis exibe obras em exposição na Lemos de Sá Galeria de Arte

Mostra é resultado de processo criativo que envolve a desconstrução da imagem para a criação de novas possibilidades

por Sérgio Rodrigo Reis 28/09/2012 09:48

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Jayme Reis/Divulgação
Obra do artista que integra a nova mostra no Jardim Canadá (foto: Jayme Reis/Divulgação)
O artista plástico Jayme Reis morava em Tiradentes, quando a vida na pacata cidade histórica começou a cansá-lo. A opção de voltar à agitação que cerca Belo Horizonte provocou uma reviravolta em torno de sua vida. No processo de desmonte do ateliê, eliminou vários guardados numa grande fogueira. Ao ver um avião sendo queimado e destruído pelas chamas, ele teve um insight. “Fiquei filosofando e enxergando uma fênix, pássaro da mitologia grega que, quando morria, entrava em combustão. Achei aquilo mágico e, naquele momento, tive uma ideia para uma exposição.” O resultado, meses depois, deu origem à mostra que o artista faz na Lemos de Sá Galeria de Arte, em Nova Lima.
A imagem do avião entre as chamas o levou a produzir 21 objetos. “Vieram de coisas que foram aparecendo em minha alma, e fui jogando. Trata-se de produção que traduz certo renascimento em mim e em meu trabalho, com a mudança para novo ateliê, no Jardim Canadá. Levo muito a sério a primeira ideia,” assegura. O processo criativo parte dessa ideia inicial para desconstruir a imagem e formar outras. “A noção de desconstrução me cerca. Um dia, o trabalho pode parecer pronto e, no seguinte, destruo tudo. O desapego é comum, e uma necessidade. Ocorre sempre”, conta. 
Jayme Reis é artista aberto a possibilidades. No ateliê, trabalha ao lado de mesas, onde deposita vários dos seus objetos ainda em processo. Ali se dedica, às vezes, a apenas um deles ou ao conjunto, simultaneamente, lançando mão de vários recursos. “Quando abro uma porta, não preciso fechar outra. Existem artistas que vão se fechando em linguagens. No meu caso, não. Se quisesse, teria me fechado com a história do barco”, comenta ele, sobre a iconografia mais presente em seus objetos. A mostra atual é prova da diversidade. Os barcos estão em objetos, assim como os aviões, as figuras humanas e as armas, esta última talvez em referência direta ao período em que serviu no Exército.
Nascido em Itabira, Jayme Reis tinha mania de fazer trabalhos manuais e não gostava de estudar. Aos 13 anos, quando veio para a capital, continuou com a vida tranquila, que preocupava cada vez mais seus familiares. Quando decidiu estudar, dedicar-se a algo mais sério, como arquitetura ou biologia, foi obrigado a servir no Exército. “Ali era um caldeirão, minha válvula de escape era frequentar o Palácio das Artes. Foi quando descobri a arte.” Já estava imbuído daquele espírito quando, por acaso, abriu um livro de Van Gogh. “Aquilo foi como uma bomba dentro de mim. Comprei dois quilos de argila, comecei a copiar e não parei mais.” Quando deu baixa no Exército, já estava envolvido com arte. Aos 22 anos, fez a primeira exposição. “Comecei a voar, conhecer outros artistas, e vi que não era uma vida fácil, mas não era tão ruim. Dali em diante, não me vi fazendo outra coisa.”
 
Jayme Reis
Exposição do artista na Lemos de Sá Galeria de Arte, Avenida Canadá, 147, Jardim Canadá, Nova Lima. Até dia 20. De segunda a sexta, das 10h às 18h; sábados, das 11h às 14h. Informações: (31) 3261-3993.  


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