Grupo de ballet 1º Ato dança as memórias de Minas em Pó de Nuvens

Espetáculo fica em cartaz de 5 a 7 de outubro no Teatro Sesiminas

por Sérgio Rodrigo Reis 22/09/2012 07:00

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Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
O novo espaço do 1º Ato, no Jardim Canadá, se encheu de dança na semana que passou. Os nove bailarinos, guiados pelo olhar atento do casal de coreógrafos, o alemão Michael Bugdahn e a paulista Denise Namura, realizavam os últimos ajustes do espetáculo Pó de nuvens. As cenas, em aspectos como o uso do humor, em vários momentos lembram outras montagens do grupo. Mas o público que for conferir a estreia do projeto, em 5 de outubro, no Teatro Sesiminas, também verá novidades. “Resolvi, nestes 30 anos do 1º Ato, me levantar da cadeira e ceder aos dois. Quero me ver de fora”, avisa a diretora e fundadora da companhia, Suely Machado, que tem acompanhado com olhar atento e curioso cada detalhe da fase atual. Veja galeria de fotos do ensaio do espetáculo Pó de Nuvens A movimentação, a delicadeza, a emoção e as reminiscências estarão em cena para falar do que nos é caro: a mineiridade. As obras do cantor Milton Nascimento e do escritor Guimarães Rosa foram os pontos de partida dos coreógrafos para pensar em cenas que, depois de transformadas em movimentos, estão se consolidando no novo balé. Um mergulho nos temas, nas imagens e no vocabulário das Gerais levou-os a imaginar, por exemplo, uma bem-humorada cena na qual os bailarinos brincam com a mania de Guimãraes Rosa em usar gravata-borboleta. À medida que dançam, as gravatas ganham vida, viram borboletas e, ao final, pousam no corpo deles, se transformando em canetas do autor. Em outro momento, um dos mais intensos e delicados do espetáculo, imagens de antigos retratos ganharão vida diante do espectador. A experiência de Suely Machado de olhar de fora para a própria obra será compartilhada pelo espectador. Os coreógrafos vivem há mais de 30 anos em Paris. Comunicam-se em francês o tempo todo e têm um olhar estrangeiro para a cultura local. O estranhamento provoca não só curiosidade, como também sugere repertório de diferentes gestos para retratar a cultura mineira. A julgar pelos resultados até então alcançados, o espetáculo tem tudo para surpreender. “O uso do humor, da delicadeza e da poética deles dialoga com meu trabalho. O diferencial é a dramaturgia. Na concepção do balé, parto tanto do movimento quanto da ideia. Já eles retratam a teatralidade corporal da ideia e são milimétricos. O que me tocou neles foi a intensidade”, conta a diretora. O acaso levou ao encontro do 1º Ato com os coreógrafos. Suely Machado tinha ido ver uma demonstração de dança dos dois, mas, na hora, um problema técnico os impediu de se apresentar. A solução foi realizar uma conferência sobre o processo criativo. A empatia foi imediata, eles conversaram e começaram a imaginar uma possível parceria, que ora se concretiza. “Há 25 anos, desenvolvemos uma linguagem própria que, quando levamos a companhias mais clássicas, encontramos certa resistência. Aqui não. Estamos nos sentindo em casa. Foi Deus quem nos mandou o 1º Ato”, entusiasma-se Denise. O parceiro Michael concorda: “Conheço Guimarães há tempo, já coreografei sua obra para uma companhia portuguesa, mas, estando aqui, descobri o verdadeiro Guimarães Rosa.” O balé se estrutura como um livro simbolizado por metáforas da travessia do tempo. O público, ao entrar no teatro, verá coreografias como a capa, a orelha, depois o prefácio, os capítulos e o posfácio da obra. “O espetáculo é como se fosse um livro”, reforça Suely. A trilha, realizada pelo próprio Michael, é formada numa soma de sonoridades e referências a partir de canções bem conhecidas, como Cálice, na clássica interpretação de Chico Buarque e Milton Nascimento, que também aparece em Caldeira. Vídeos e vozes gravado pelo compositor Lula Ribeiro darão um aspecto multimídia a alguns momentos. A intenção é que a mistura de heranças artísticas de Milton (“simplicidade e sofisticação”) e Rosa (“literalidade”) conduzam o espectador ao universo da poesia. A julgar pelos últimos ensaios, o caminho está próximo. Clima de festa A estreia de Pó de nuvens ocorre dentro das comemorações dos 30 anos do 1º Ato. O grupo, formado pelos bailarinos Ana Virgínia Guimarães, Alex Dias, Danny Maia, Jonatas Raine, Lucas Resende, Marcela Rosa, Pablo Ramon, Verônica Santos e Verbena Cartaxo, dirigido por Suely Machado, está num momento de maturidade. Além de carreira consolidada nos palcos, há vários outros projetos em andamento. “Meu sonho era ter o grupo profissional, a escola, que atualmente conta com 450 alunos, o projeto social e ainda um espaço para residência artística”, conta Suely. O projeto se realizou no Espaço de Residência Artística, criado no Jardim Canadá. Pó de nuvens Novo espetáculo do grupo 1º Ato. De 5 a 7 de outubro. Sexta e sábado, às 21h; e domingo, às 20h, no Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia). Ingressos: R$ 30 (inteira). Informações: (31) 3241-7144.

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