Escritor Durval Augusto Jr. distribui livros na Praça da Savassi

E o melhor é que é de graça

por Carolina Braga 19/09/2012 09:06

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Fotos: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press
O escritor Durval deu um destino feliz a suas três publicações (foto: Fotos: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)
 
No intenso ritmo urbano, em plena Praça Diogo de Vasconcelos, na Savassi, o cidadão passa apressado ao celular. Ele para, dá meia volta e retorna ao ponto central. Há algo diferente nas redondezas da fonte. Diante da pilha de livros sobre o bilhete “É grátis, mas pegue apenas um”, o economista Ednardo Freitas escolhe a próxima leitura e sai surpreendido. “Muito interessante, porque hoje em dia as pessoas não têm o hábito de leitura. Isso incentiva”, elogia. 
De longe, observando calmamente, o autor Durval Augusto Jr. abre o sorriso com a certeza de mais uma vez ter feito o que devia. Recém-aposentado do cargo de revisor do Tribunal Regional Eleitoral, há cerca de um mês ele resolveu dar um destino a todos os livros que tinha guardados no armário. “Estava muito angustiado com aquela situação e me perguntei: ‘O que eu faço com isso? Ninguém vai advinhar que estão aqui. Eu quero mais ser lido do que vender livros’”, conta.
Foi assim que Durval Augusto Jr. teve a ideia de literalmente distribuir suas criações. “Peguei uma edição antiga do Fernando Capeta Urubu e fui para a Praça da Liberdade. Coloquei um exemplar em cada banco e fiquei observando”, lembra. Logo na primeira experiência, percebeu que as pessoas ficavam acanhadas de se apoderar de livros alheios. Elaborou então a ideia: adotou o pequeno cartaz e fez da Praça da Savassi seu point. É vapt-vupt: em cerca de 30 minutos, lá se foram 30 livros para o mundo. 
CURIOSIDADE Desde 1999, Durval Augusto Jr. publica as obras que edita por conta própria. A primeira foi Fernando Capeta Urubu, lançada em 1999. Na sequência vieram Almas tontas, de 2006, e no ano passado, Sem paredes, romance dedicado à avó do escritor, no qual o protagonista narra sua história, abusando de expressões pitorescas. Toda semana o autor dedica algumas horas para a distribuição dos livros. Nesta rotina, que já é praxe. ele sempre fica escondido e se deleita com o comportamento das pessoas: “É engraçado. Tem gente que nem pega de tão desconfiado que é”. Já outros “estacionam” diante da pilha e analisam calmamente qual das três obras levar. 
O técnico de manutenção em ar-condicionado Fernando Fernandes foi decidido ao pegar a primeira obra publicada por Durval Augusto Jr... "É bom ver que ainda existem pessoas com esse tipo de iniciativa. Se os jovens de hoje soubessem a viagem que fazemos quando lemos um livro, eles também iriam levar um para casa”, comentou. 
O curioso é que a ação, sempre inesperada, desperta reações diversas. O comerciante Lucas Leite Praça, por exemplo, chegou a parar diante da pilha, analisou as obras e saiu de mãos vazias. "Não peguei o livro porque não conhecia o autor. E como estou lendo outro em casa, deixei a oportunidade para outra pessoa interessada", explicou. "Não sei qual a finalidade dessa iniciativa, mas achei muito interessante, pois é sempre bom ganhar um livro”, disse a professora Sônia Morato. "Não sei o que é, mas livro é sempre bacana e espero que outras pessoas peguem também", completou Murilo Brasil.
Durval Augusto Jr. ainda não sabe quando publicará o próximo livro. Além do material para outra edição, desta vez de contos, a intervenção deu a ele pelo menos uma certeza. “Nunca pensei em parar de escrever, mas o que me preocupava é que estava me sentindo sem saída. Como fazer com que meus livros chegassem às pessoas? Essa ideia me mostrou a saída. Mesmo se não conseguir vender, não conseguir uma editora – que é um sonho – isso liberou meu coração”, conclui. (Colaborou Juliana Pio).


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