Fernanda Gomes monta instalação na Praça da Estação, propondo às pessoas que mostrem que sabem dançar

Para ela, a participação popular é fundamental em seu processo criativo

por Carolina Braga 11/09/2012 09:31

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Carol Salgado / Divulgação
"Levando para a rua, consigo chegar mais perto das pessoas" Fernanda Gomes, artista visual (foto: Carol Salgado / Divulgação)
“A ideia é de uma obra de arte que valorize a expressividade individual de cada um”, diz a pesquisadora e a artista visual Fernanda Gomes. É assim que apresenta a instalação interativa que, a partir de desta terça-feira, às 19h30, estará montada na Praça da Estação. O nome já sugere o objetivo da empreitada criativa: Todo mundo sabe dançar. No fim das contas ela quer mostrar que muito da arte contemporânea se faz com a colaboração do espectador. “Essa instalação tem um maior potencial de interação porque cada um vai ter seu jeito particular de dançar”, explica. Tudo funciona dentro de uma enorme caixa com cinco metros de largura e sete metros de profundidade, montada na praça. Lá dentro tem uma pista de dança, com trilha sonora de Fusile, Dead Lover’s Twisted Heart, Digitaria e Iconilli. “Quem entra nessa pista vê a própria imagem projetada na frente, com outras pessoas dançando. A sensação é de estar em uma festa mesmo”, detalha a artista. Ao mesmo tempo, as imagens do que ocorre dentro instalação são transmitidas para o lado de fora, em televisores. AO AR LIVRE Todo mundo sabe dançar é a quarta intervenção do tipo criada por Fernanda Gomes. Na primeira experiência, Não sei ser rótulo, de 2009, ela convidou os cidadãos a desfilar em uma passarela com direito a plateia virtual. Na segunda, Pare de me ignorar, foi a vez de o participante integrar o público. Assim como nas anteriores, na terceira, O templo de cada um, a interação também foi elemento chave. “Gosto de sair dos espaços institucionais das galerias e ir para a rua. Acho que é uma missão”, comenta. Levar a arte para o espaço público passou a ser uma meta de Fernanda desde que ela teve acesso a um alarmante dado de 2008, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “93% da população brasileira nunca pisou em uma galeria de arte. Isso me deixou intrigada porque não é uma questão social. É cultural. De certa forma, levando para a rua consigo chegar mais perto das pessoas”, espera. Pesquisadora, artista visual e professora, Fernanda Gomes iniciou a pesquisa sobre arte interativa no início dos anos 2000. A primeira experiência foi Try on, em 2002, fruto do mestrado realizado em Barcelona. Já Todo mundo sabe dançar é uma aplicação prática dos temas que estuda para a tese de doutorado “O que pode um corpo? A performatização da subjetividade a partir dos dispositivos”,  em curso na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tendo a interatividade como carro-chefe, a arte dela, portanto, nunca será descolada da tecnologia. A caixa que abriga a instalação, por exemplo, é equipada com sensores, projetores e câmeras. O sistema é capaz de identificar a qualidade do movimento e reproduzi-lo nas projeções. Isso significa que, se o sujeito for muito animado, o público virtual também acompanhará o ritmo. “É um rastreio que exige alto nível de tecnologia”, completa. O custo da montagem foi de R$ 86 mil, coberto com recursos do Fundo Municipal de Cultura. Depois da estreia desta terça-feira, a instalação fica aberta ao público até sábado. “Fico muito lá. Gosto de conversar com as pessoas. É comum alguém estar passando, olhar, entrar, interagir e depois voltar com o amigo”, conta. A experiência com Todo mundo sabe dançar é gratuita. Todo mundo sabe dançar. Instalação interativa de Fernanda Gomes, abertura nesta terça-feira, às 19h30, na Praça da Estação. De quarta a sábado, entre 10h e 19h. Entrada franca.

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