Revista Graffiti faz festa para lançamento de sua última edição no bar CCCP

Produtores da publicação buscam alternativas em outros meios, como o vídeo e a internet

por Eduardo Tristão Girão 06/09/2012 10:12

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Graffitti/Reprodução
Reconhecida nacionalmente, a revista arrebatou sete prêmios HQ Mix, dando espaço ao experimentalismo (foto: Graffitti/Reprodução)
Depois de 17 anos de existência, a revista Graffiti, maior referência em quadrinhos de Belo Horizonte, terá seu último número lançado nesta quinta-feira à noite, no bar CCCP, na capital mineira. Acabou, mas não completamente, como garante Piero Bagnariol, um dos seus fundadores: “É hora de buscarmos alternativas para a revista em outro suporte, incrementando o diálogo com áreas como vídeo, animação ou internet, por exemplo”, explica.
Quadrinista italiano radicado há 20 anos em BH, Bagnariol integra com Andrei Moura, Daniel Monteiro, Marcos Malafaia, Marilá Dardot e Pablo Pires o que chama de “núcleo cativo de fundadores” – embora cerca de 20 nomes estivessem presentes à época da fundação. Com isso, encerra-se história marcada por HQs de mais de 100 autores, sete prêmios HQ Mix, 1.868 páginas impressas e tiragem de 36.730 exemplares, além dos cinco álbuns da coleção 100% quadrinhos.
A revista publicou quadrinhos experimentais e dialogou com outras linguagens ao longo de sua existência, revelando muitos artistas, como Marcelo Lelis, Luciano Irrthum, Guga Schultze, Daniel Caballero, Bruno Azevedo e Odyr. Outros foram redescobertos, a exemplo dos mineiros Gilberto Abreu e Mozart Couto. E não foram exclusivamente brasileiros que marcaram presença em suas páginas, como demonstram trabalhos de argentinos, cubanos, bolivianos, ingleses, sérvios e portugueses, além do próprio Bagnariol.
ESPAÇO Piero Bagnariol garante que a publicação será extinta naturalmente, da mesmo forma como foi criada: “Todas as coisas têm um ciclo e achamos que chegou a hora de a revista terminar. Nossos objetivos foram alcançados e agora é o momento de deixar espaço para outras iniciativas. O nome, o grupo e as ideias continuam, mas ainda é cedo para dizer como será a Graffiti. Precisamos traçar metas”.
Apesar de a maioria das edições da revista terem sido financiadas pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura (inclusive os últimos números), Bagnariol explica que a decisão de extinguir a revista não tem a ver com verba. A Graffiti nasceu de forma independente e suas primeiras edições foram custeadas pelos próprios quadrinistas. Umas delas, a número 21, chegou a ser encadernada por eles mesmos.
A edição final, número 23, conta com HQs de 13 quadrinistas e 98 páginas. Sobre ela, Piero Bagnariol define: “Nesse número, trabalhamos com o tema linguagem, mostrando as possibilidades de o HQ transitar entre fotonovela, desenho abstrato, animação em fotograma, histórias sem diálogo e em língua estrangeira. Mostramos extremos, com autores brasileiros, peruanos, colombianos, ingleses e italianos. Além disso, há expressiva participação de mulheres em seis das 13 HQs”.
ADULTO Piero Bagnariol acredita que o ambiente criado em torno da revista, mais do que a publicação em si, tornou-se ponto de referência para uma geração de quadrinistas. “Criou-se diálogo com outras áreas e, nos lançamentos, pessoas diferentes se encontravam por causa dos seus ideais, numa espiral que se repetia. Ficou claro que uma coisa antes tida como impossível era possível. Uma das nossas atividades eram as aulas e acho que isso deu confiança para todo mundo. Acreditamos que a revista pode ser vitrine e apostamos em conteúdo mais autoral, sério e adulto, saindo dessa coisa de super- herói”, conclui.
 
Graffiti
Lançamento da edição 23 da revista de quadrinhos, nesta quinta-feira, às 21h, no CCCP (Rua Levindo Lopes, 358, Savassi). Entrada: R$ 15 (inclui a revista). Informações: (31) 3582-5628. 


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