Projeto Café Controverso debate usos da língua e o ensino do português

Evento acontece neste sábado a partir das 11h no Espaço TIM UFMG do Conhecimento, com entrada gratuita

por Agência Minas 24/08/2012 15:05

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A norma padrão da língua portuguesa é alvo de muitas discussões e críticas. É certo falar errado? Esse é o tema do Café Controverso deste sábado, 25, que acontece a partir das 11h no Espaço TIM UFMG do Conhecimento, no Circuito Cultural Praça da Liberdade, com entrada gratuita. Luiz Carlos Rocha, professor da Faculdade de Letras da UFMG que já atuou também na Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais, e Pedro Perini-Santos, professor dos cursos de Letras e de Comunicação Assistiva da Pontifícia Universidade Católica, debatem a questão. Ainda que ambos os convidados sejam linguistas, assumem opiniões diferentes quanto à postura do ensino do português nas escolas. A linguística não é uma ciência que emite conceitos de valor (certo ou errado) sobre o falar; ao contrário, estuda as tendências e usos diversificados do léxico, sem se interessar por qualquer sentido de correção. A partir dessa compreensão, Perini-Santos baseia seu argumento em uma analogia: “o agricultor está para a natureza assim como a escola está para a língua”. O pesquisador explica que a diversidade botânica existe, mas é regulada pela atividade agricultora. Da mesma forma, a normatização linguística molda os usos diversificados da linguagem. A norma, então, é um movimento não natural e regulamentador. O problema estaria em como encaramos essa prescrição. “Nossa relação com a variação linguística é muito hostil”, diz Pedro. Um exemplo sintomático dessa postura em relação à língua é o uso arraigado do termo “norma culta”. De acordo com Perini-Santos, “a expressão é agressiva, pois seu oposto implica uma descultura”, defende. Aqueles que têm dificuldade em articular o padrão normativo são julgados, gerando, segundo o professor da PUC, preconceito linguístico. Vítimas deste constrangimento, muitas pessoas deixam a escola, não comparecem a consultas médicas, não conversam com os filhos e colegas de trabalho, sequer se dirigem ao patrão. “Calam-se e sofrem com isso. Existe um isolamento muito real”, comenta. Luiz Carlos Rocha, por sua vez, crê que se deve estabelecer uma separação entre as disciplinas da linguística e da língua portuguesa. Professor de ambas, ele esclarece que “elas possuem objetivos diferentes, mas muita gente não os distingue”.  A função do português nas escolas, de acordo com ele, é inserir os estudantes no mundo letrado e ensiná-los a língua padrão. Nesse sentido, haveria uma clara distinção entre o ensino das faculdades de letras – cuja missão é formar professores, que devem “aprender toda a parafernália da gramática” e compreender a linguística – e o ensino escolar – que tem o objetivo de fornecer instrumentos para o domínio normativo da língua, ajudando os alunos a utilizar a variante padrão no contexto adequado. “Isso é tão importante quanto outras habilidades exigidas pelo mercado. A própria sociedade demanda indivíduos que usem o português na forma adequada, em contextos adequados”, justifica. Os Cafés do Espaço Com o intuito de gerar um ambiente de encontro e intercâmbio de informações, o Espaço TIM UFMG do Conhecimento promove atividades de debate e exposição de opiniões aos sábados, em seu café, sempre às 11h. O Café Controverso tem a participação de dois convidados com pontos de vista distintos sobre a temática discutida. Já o Café com Conhecimento é a oportunidade de conhecer e conversar mais sobre um determinado assunto, a partir da contribuição de um especialista na questão. Em ambos, o público tem um papel fundamental, uma vez que não atua somente como ouvinte, mas como participante ativo.

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