Mostra de fotografia de Marcelo Prates flagra a interferência humana na paisagem urbana

Outras exposições em Belo Horizonte também partem de imagens que dialogam com a cidade

por Sérgio Rodrigo Reis 08/08/2012 09:05

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
Marcelo Prates/Divulgação
Para o fotógrafo Marcelo Prates, os objetos encontrados em fios podem carregar diferentes simbolismos (foto: Marcelo Prates/Divulgação)
 
O fotógrafo Marcelo Prates descobriu, ao olhar para o alto nas grandes cidades, uma paisagem incomum. Em meio à poluição visual que caracteriza os equipamentos de iluminação pública, ele encontrou o acaso. Dependurados no emaranhado de fios das metrópoles estão centenas de objetos que, acidentalmente, foram parar no lugar e passaram a oferecer, aos olhos do artista, imagens incomuns, instigantes e desafiadoras. É com a nova série de fotos que compôs a exposição Pendurados nos fios, a ser aberta na sexta-feira, às 19h, na galeria de arte da Biblioteca Pública Estadual. 
O projeto de fotografias urbanas insere-se numa pesquisa visual que busca interseções com outras linguagens, como a escultórica. Na exposição, ele oferece inúmeras fotos com registros incomuns, divertidos e até curiosos de tudo que encontrou arremessado nos fios de postes instalados nos ambientes públicos, como sapatos, tênis, peças de roupas, bonecos e outros objetos captados com originalidade e lirismo. 
A mania de observar os céus vem de infância. O pai do artista foi um grande admirador dos pássaros e passou a mania ao filho. “Em um determinado dia de manhã, fiquei das 6h às 10h olhando para o alto no Bairro Sagrada Família, sem encontrar um único passarinho. Só vi telefone, calcinha, bonecas, cabides e até teclado de computador dependurados... uma loucura. Daí em diante passei a realizar esse exercício de olhar para cima em busca do inusitado. Já são mais de 3 mil imagens”, conta. 
As imagens de objetos arremessados o levaram a variadas reflexões. Pensou naquilo que é descartado, também no testemunho das ações cotidianas e nas diferentes significações e conotações deste ato ao redor do mundo. Pode significar comemoração, rito de passagem, o fim e o começo. Também pode simbolizar algo mais íntimo. Em alguns lugares, quando um jovem arremessa algo no fio, quer dizer que perdeu a virgindade e está anunciando isso para os colegas. Já os militares, quando jogam sapatos pintados de laranja ou de outra cor, o fazem para demonstrar que terminaram seu treinamento básico. Ao clicar as situações, Marcelo Prates imprimiu outras significações.
Na exposição, composta por painéis de 80cmx100cm, constituindo um tríptico, mosaicos de 100cmx 180cm e painéis de 60cmx180cm, buscou envolver o espectador na viagem sensorial rumo às imagens das alturas que, não raras vezes, têm passado despercebidas. As fotos estão dispostas em conjunto, de acordo com o tipo de céu encontrado no momento em que foram clicadas. Há uma seleção sobre um fundo azul, outra sobre um fundo branco e, por fim, outra em cima de uma imagem panorâmica de uma cidade grande. 
 
Pendurados nos fios
Exposição do fotógrafo Marcelo Prates. Abertura sexta-feira, às 19h, na Galeria de Arte Paulo Campos Guimarães da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa (Praça da Liberdade, 21, Funcionários). Até dia 31, de segunda a sexta, das 8h às 20h; sábado, das 8h às 12h. Informações: (31) 3269-1204. 


MAIS SOBRE E-MAIS