Livro sobre o compositor Geraldo Santana faz importante registro da música popular em Minas Gerais

Artista foi autor de marchinhas, sambas e hinos de times de futebol

por Walter Sebastião 28/07/2012 10:26

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Roberto Fulgêncio/Tribuna de Minas
O compositor Geraldo Santana sempre esteve ligado ao movimento negro de sua cidade (foto: Roberto Fulgêncio/Tribuna de Minas)
Chama-se Sonho, música e realidade (Funalfa Edições) o livro do escritor Wanderley Luiz de Oliveira que apresenta o primeiro retrato de um cantor e compositor mineiro ainda desconhecido de muita gente, mas que merece respeito: Geraldo Santana (1930 –2011). Ele nasceu em Coronel Pacheco, Zona da Mata, e desenvolveu sua carreira basicamente em Juiz de Fora. 

Foi homem de personalidade forte, autor de belos sambas, que viveu e morreu pobre. Afirmou-se no meio musical com muita dedicação e luta. O que valeu a ele tanto admiração como fama de polêmico e difícil. Ele tem apenas um, mas precioso, disco gravado – Batuque de negro –, produzido por Márcio Gomes.

O livro, conta Wanderley Luiz de Oliveira, nasceu quando ele conheceu Geraldo Santana. “Observei que ele tinha uma memória prodigiosa. Um compositor de 80 anos não podia ficar sem uma biografia. E me ofereci para fazê-la. Ele merecia”, afirma. “Foi homem de família, generoso, inteligente, culto, bom compositor, coração de ouro e incompreendido. Como falava demais e queria impor as ideias dele, não deram a devida atenção à sua música”, observa. 

“Ele era tipo Jamelão”, observa. “Comparo Geraldo Santana a Geraldo Pereira. A música dele tem cadência, ritmo, fico muito admirado com tudo que já ouvi”, acrescenta, contando que as músicas de Batuque de negro têm muita da vida e memórias do compositor.

Surpresa, ao iniciar o trabalho, foi descobrir que o compositor tinha “caixas e caixas de recortes”, com anotações, manuscritos e fotografias. Acervo a partir do qual foi possível identificar 100 letras de músicas (cujos títulos estão no fim do volume). Das quais, observa o pesquisador, talvez só seja possível resgatar cerca de 30, já que o compositor não tinha o hábito de registrar as composições em partitura e guardava tudo de memória. 

Devido à dispersão do material deixado pelo compositor, o biógrafo andou procurando, durante redação do volume, gravações, vídeos e partituras – “deve existir quem tenha material em casa sem saber”. Wanderley pretende, a longo prazo, dedicar atenção à questão, mas, por enquanto, não tem como fazê-lo.

Carnaval “Fiz biografia ampla, resgatando a participação de Geraldo Santana no carnaval e compondo hinos para clubes de futebol”, explica Wanderley Oliveira. O compositor acompanhou tudo, mas infelizmente não não viu o livro pronto. Recorrente, nas composições de Geraldo Santana, são as homenagens e há muitas músicas para clubes de futebol de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e de São Paulo. A mais famosa, um hino para o Tupi, de Juiz de Fora, que apesar de não ser o oficial é muito popular na cidade. 

O compositor era admirador do movimento negro. “Valorizava e citava Nelson Silva, Onofre Eva, Davi Chaves, Walter Costa e Cláudio Luiz e Silva”, observa o escritor, lembrando-se de personalidades do movimento em Juiz de Fora. 

 Para Wanderley Oliveira, cantores, músicos, emissoras de rádio e vereadores de Juiz de Fora poderiam prestigiar mais Geraldo Santana”, divulgando mais o que ele deixou. Não é o único, na opinião dele, que merece tal reverência. Ilustres criadores que mereciam consideração são Mestre Cocada, Nelson Silva, Ministrinho e João Cardoso, entre outros. 

Louvável, para o pesquisador, é a atividade do músico e produtor Márcio Gomes, resgatando compositores antigos de Juiz de Fora. Atividade que já resultou nos discos de Geraldo Santana, e João Cardoso e de Ernani Ciuffo. O último, registra, foi também retratado em livro por Flávia Polisseni.



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