Expressões instigantes e curiosas da língua portuguesa são o mote para o coletivo fotográfico carioca Estendal – varal, como se diz em Portugal – conquistar público em exposições sui generis, com as quais tem percorrido o Brasil, com direito à primeira incursão em Lisboa.
Atração do Inverno Cultural de São João del-Rei, o grupo apresenta três mostras na cidade mineira com temas diferentes. Na terça-feira, 24, ficará em cartaz O futuro a Deus pertence, sob curadoria de Patricia Gouvêa. Quarta, 25, será a vez de Pinto no lixo, com curadoria do antropólogo Milton Duran, enquanto o artista paranaense Roberto Pitella se responsabilizará pela coordenação de As paredes têm ouvidos, na quinta-feira, 26.
“As pessoas, geralmente, ficam bem surpresas”, garante a fotógrafa Ana Cris Loureiro, que integra o coletivo ao lado de Daniel Chiacos, Maria Tuca, Stella Mello, Alfredo Alves, Ana Rodrigues, Juscelino Bezerra e artistas convidados. Impressas em canvas (tecido forte e durável de algodão usado na confecção de casacos e bolsas) por meio de jato de tinta, as fotos ganham tamanhos e formatos variados. O público pode tocá-las.
Ao brincar com a ligação entre palavra e imagem, Estendal acaba provocando a imaginação do espectador, que “viaja” em busca do significado de jargões da língua portuguesa. “Por um fio” e “Salve-se quem puder” foram os temas inaugurais de exposições no Rio de Janeiro, São Paulo, Tiradentes, Juiz de Fora e Lisboa.
“O pinto é o começo de uma vida, o lixo é o fim das coisas. A sabedoria popular acabou situando a felicidade, a alegria e o contentamento na mistura dessas duas metáforas. A fotografia – metáfora da vida – vem dar plasticidade a essa ideia, reinventar o pinto e o lixo, rastrear o contentamento e a felicidade pelos caminhos mais comuns da vida cotidiana, mas também pelos mais inusitados, por dentro da gente e pelas ruas. O resultado são imagens para ver, pensar e sonhar. Lembrando sempre: o que mais vale em uma foto é a vida que pulsa na imagem, por vezes tão feliz como um pinto no lixo”, explica o curador Milton Guran.
Roberto Pitella observa que as paredes têm ouvidos, pois representam um lugar de afetos – abrigo de imaginação e de diferenças. “Penso esses varais como coleção. Uma coleção de descobertas, de olhares, de memória e de desejos. Uma coleção de diferenças em que uma imagem coabita com a outra. Uma proposta de vida”, resume ele, salientando que as modernas “paredes de informações” devassam tudo: “Abrigam amores, revoltas, desejos, contam pedaços de histórias, unem e separam”, conclui.
ESTENDAL
»Terça-feira, 24 de julho
O futuro a Deus pertence
»Quarta-feira, 25 de julho
Pinto no lixo
»Quinta-feira, 26 de julho
As paredes têm ouvidos
Das 10h às 17h. Em frente à Igreja de São Francisco, em São João del-Rei. Entrada franca.
Estendal leva três mostras de fotografia para as ruas de São João del-Rei
Objetivo é valorizar a língua portuguesa
por
Ailton Magioli
24/07/2012 10:31
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