Depois de quase 10 anos, o escritor mineiro Luiz Ruffato fecha um ciclo e sente que cumpriu sua missão: introduzir a figura do trabalhador de classe média baixa na literatura brasileira. Nesta segunda-feira à noite, no Sesc Palladium, ele lança Domingos sem Deus (Editora Record), último livro da pentalogia Infernos provisórios. O volume encerra o projeto de reflexão sobre a evolução do proletariado brasileiro entre a década de 1950 e o início do século 21.
“As poucas vezes em que o proletário brasileiro apareceu foi como militante político ou sindicalista. A não ser um livro de contos do Roniwalter Jatobá na década de 1970, não tivemos publicações discutindo o cotidiano, o dia a dia desses trabalhadores. Quis abordar isso”, explica Ruffato.
O escritor nasceu em Cataguases, na Zona da Mata. Antes de se dedicar à literatura, trabalhou como pipoqueiro, atendente de botequim, balconista de armarinho, operário têxtil e torneiro-mecânico. Para ele, a ausência desse tipo de tema nos livros brasileiros pode ser explicada tanto pelo fato de a sociedade ser extremamente classista quanto por uma questão de aceitação.
“Tentei construir uma história da formação da classe operária no Brasil – não no sentido sociológico, mas literário. O grande desafio foi não cair na tentação de fazer um romance burguês. Acho que atingi o objetivo”, acrescenta. Domingos sem Deus traz um mosaico de histórias independentes. Em comum estão a origem dos personagens – a região de Cataguases e Rodeiro – e a necessidade de deslocamento.
“Em nenhum dos cinco volumes as histórias têm relação entre si. De certa forma, esses trabalhadores estão construindo a sua própria biografia. Isso é importante destacar”, conclui.
LUIZ RUFFATO
Nesta segunda-feira, às 19h30. Sesc Palladium (Avenida Augusto de Lima, 420, 4º andar, Centro). Entrada franca. Informações: (31) 3261-1501 e www.sempreumpapo.com.br