Festivais de inverno mobilizam municípios e universidades mineiras no mês que vem

Inscrições para oficinas abrem na semana que vem e programação cultural terá shows e debates

por Sérgio Rodrigo Reis 05/06/2012 12:02

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Kherian Gracher/Festival de Inverno de Ouro Preto
(foto: Kherian Gracher/Festival de Inverno de Ouro Preto )
O interior de Minas Gerais assiste, de longe, na maior parte do ano, à diversidade de atrações agendadas para Belo Horizonte. A oferta da capital é grande: das artes plásticas aos eventos internacionais, passando pela música, teatro, cinema, debates e palestras. A situação só se inverte em algumas cidades do estado no mês de julho, com os festivais de inverno, quando universidades e municípios se unem na promoção da ação cultural mais significativa de seus calendários culturais. A contagem para as próximas edições dos festivais já começou e, nos próximos dias, serão abertas as inscrições das oficinas. A maioria é gratuita ou a preços populares e as vagas são limitadas. 
  
A timidez das políticas públicas de interiorização da cultura, pelo menos nessa época do ano, tem sido minimizada pela ação provocativa de extensão de instituições como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).Desde que iniciou a promoção do festival em Diamantina, no Alto Jequitinhonha, a 285 quilômetros de BH, tem sido palco de intervenções contemporâneas, provocando a regionalização de ações artísticas e deixando um legado importante no entorno da cidade. A experiência deve voltar a ocorrer entre 15 a 26 de julho, quando a UFMG promove a 44ª edição do evento, com o tema Bem comum. A proposta é assegurar a troca de experiências entre diferentes saberes (acadêmicos e tradicionais) e práticas (materiais e imateriais), acolhendo outros sujeitos e outras formas de conhecimento das culturas indígenas, afro-brasileira e popular. 
 
O método de trabalho em Diamantina será diferente nesta edição. Além da busca de maior aproximação com artistas da própria cidade, a tentativa será a de tornar mais coletivo o processo e a difusão do conhecimento cultural. Para isso, a UFMG mudou a estrutura de funcionamento do festival. Em lugar de grandes áreas de conhecimento ligadas às artes, a programação será distribuída em segmentos batizados de “casas”. Seguindo essa lógica, haverá uma casa para a cidade, outra para os cantos e a escuta, uma casa para a memória, uma para o corpo e, por fim, uma casa para abrigar a palavra. A intenção é que o próprio processo de diálogo entre os participantes seja considerado um dos resultados.
 
Na região de Ouro Preto, principal cidade colonial de Minas e a primeira a ser considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, e na vizinha Mariana, a festa cultural será inspirada pelo diálogo com a realidade dos países vizinhos. Inspirado no tema LatinoAmérica – ¿Libertas, Libertad, Liberdade?, a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), em parceria com os dois municípios, promete tomar as ruas das cidades, entre 8 e 22 de julho, com manifestações artísticas nas áreas da música, artes cênicas, artes plásticas, artes visuais, literatura, patrimônio e programação infantojuvenil. As atividades serão inspiradas na discussão do conceito de identidade, resultante do processo histórico que fez dos países americanos colonizados nos séculos 15 e 16 uma fonte rica de inspiração para a arte. 
 
Armando Wood, pró-reitor da Ufop e coordenador geral do festival, explica que a motivação para o tema surgiu da necessidade de uma aproximação maior com as artes dos países próximos. “O Mercosul criou a ideia do Mercosul Cultural, envolvendo o Brasil, Paraguai, Chile, Peru, Uruguai, Argentina e Bolívia, mas a estratégia não tem dado tão certo.” O coordenador acha que é função de todos olhar com mais cuidado para um mercado tão grande, composto por 450 milhões de pessoas na América do Sul. Para ele, há muito ainda a ser feito e a aposta é que o festival possa contribuir para o processo. 
Dois tempos  Em São João del-Rei, a 190 quilômetros da capital, no Campo das Vertentes, a maratona artística também terá como ponto de partida uma reflexão. Na 25ª edição do Inverno Cultural da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), entre 14 a 28 de julho, a programação de oficinas, espetáculos musicais, dança, teatro, artes plásticas e cinema será inspirada no tema Kairós, um tempo possível. Divindade grega pouco conhecida, Kairós expressa um conceito esquecido no presente: o do tempo oportuno, tempo propício ou tempo de Deus. “É uma provocação. Os gregos tinham dois deuses para o tempo: o Cronos, simbolizando o cronológico, e Kairós, o filosófico. A ideia é que tentemos fugir do tempo que oprime e massacra, articulando a temática do tempo possível e pensando a questão cultural como instrumento de formação da cidadania”, adianta Marcos Vieira Silva, coordenador do Inverno Cultural.
 
Serão sete áreas temáticas no Inverno Cultural. Atividades de artes visuais, artes plásticas, literatura, música, especiais, artes cênicas e arte-educação deverão alcançar 120 mil pessoas. “O principal objetivo não é crescer a multidão, mas ampliar a reflexão. Só nas oficinas vamos oferecer em torno de 1,3 mil vagas, com destaque para a de percussão, com Yousif Sheronik, artista do Oriente Médio; do violista australiano Katherin Lockwood e do bandolinista brasileiro Marcos Frederico. “Temos sido felizes na mobilização”, conclui o coordenador.
 
Destaques de inverno
Diamantina
Entre os dias 15 e 26 de julho, o Festival de Inverno da UFMG terá participação dos cineastas Andrea Tonacci e Ariel Ortega e do Coletivo Alumbramento, da Filmes de Quintal. Também está prevista a vinda dos arquitetos equatorianos do grupo Al borde, da artista urbana Graziela Kunsch, da Usina Cooperativa de Arquitetos (responsável pelos assentamentos do MST) e do grupo Coloco, coletivo de paisagismo francês. O início das inscrições para as oficinas deverá ocorrer a partir do dia 15 e serão gratuitas. 
Informações: 
www.ufmg.br
Congonhas
A cidade, a 89 quilômetros de BH, prepara o maior festival dos últimos anos, entre os dias 11 a 22 de julho. Serão realizadas 36 oficinas, com inscrições entre os dias 26 a 29. Na programação de shows haverá apresentação de Sambô, Diogo Nogueira e Seu Jorge. As oficinas terão preços populares. 
Informações: (31) 3731-3133. 
Itabira 
Em sua 38ª edição, o Festival de Inverno de Itabira, a 100 quilômetros de Belo Horizonte, terá entre os dias 8 e 22 de julho programações de oficinas, espetáculos e shows. 
As inscrições serão anunciadas em breve no site www.culturaemitabira.com.br
Ouro Preto e Mariana 
A previsão é de que a partir do dia 15 estejam abertas as inscrições para as oficinas. A programação completa do evento, que será realizado entre 8 e 22 de julho, será anunciada no fim do mês. 
Informações: (31) 3559-3415 ou no site www.festivaldeinverno.ufop.br
São João del-Rei
A 25ª edição do Inverno Cultural, entre 14 a 28 de julho, abrirá 1,3 mil vagas nas oficinas, ao preço popular de R$ 15 a R$ 25. A agenda de shows será gratuita. Nas artes plásticas, destaque para a intervenção do artista capixaba Hilal Sami Hilal. 


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