Livro de Ana Carla Fonseca propõe novos modelos para enfrentar os problemas dos grandes centros urbanos

Autora destaca a importância da cultura na melhoria de vida das pessoas

por Thaís Pacheco 16/05/2012 12:01

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Gildo Mendes/Divulgação
Para Ana Carla Fonseca o primeiro passo para mudar a vida nas cidades é estar atento às manifestações inovadoras de seu dia a dia (foto: Gildo Mendes/Divulgação)
 
Ana Carla Fonseca Reis se define como uma pessoa inquieta. É possível comprovar a ideia com uma breve análise pelo currículo da pesquisadora. Economista, administradora e doutora em urbanismo, ela é palestrante internacional e já levou suas reflexões a 22 países. Escritora, assinou diversos títulos, entre eles, Marketing cultural e financiamento da cultura e Economia da cultura e desenvolvimento sustentável.
Sua nova inquietação gerou o livro Cidades criativas, que será lançado hoje em Belo Horizonte, na programação do Sempre um papo. “Esse livro surge para trazer a discussão da economia criativa para o espaço urbano”, resume a autora.
A expressão cidades criativas é muito recente, de acordo com Ana Carla. No Brasil, não há bibliografia sobre o tema e mesmo no mundo há muito pouco publicado sobre o assunto. Essa é uma das preocupações. “As pessoas falavam em coisas diferentes quando se remetiam a cidades criativas. A ideia era tentar criar uma harmonia de conceito. Não um molde fixo, mas um norte”, avisa. 
A publicação é resultado da pesquisa de doutorado da autora e partiu de algumas perguntas básicas. “O que é economia criativa e o que são cidades criativas? Os termos estão virando moda e acho que temos de ter responsabilidade para lidar com novas propostas. Se o conceito for usado sem rigor, ele se perde um pouco, como ocorreu com sustentabilidade”, destaca Ana.
Nos dois primeiros capítulos, ela faz uma varredura no mundo para entender o que mudou em termos sociais, urbanos e turísticos para afetar a economia e a vida nas cidades. A partir daí, cria o conceito de cidades criativas e passa a avaliar sua aplicabilidade e funcionalidade. Para isso, escolheu três cidades: Bilbao, Londres e Bogotá. Por fim, aproxima-se da realidade brasileira, aplicando o conceito à cidade de São Paulo.
“Discuti com colegas como se analisar uma cidade com as complexidades que as nossas têm. O urbanismo tende a analisar bairros, mas bairros são tão diversos que você não tem uma cidade, e sim um arquipélago de bairros. Transito apenas no meu pedacinho e se cada pedaço não se corresponde com o outro, chega uma hora em que habitamos um espaço esquizofrênico”, analisa.
A solução é reconhecer que existem vários espaços e entender o que cada um deles tem a oferecer e agregar à cidade. “Costumamos dizer que não há nada em determinado bairro, mas se você vai até ele domingo à tarde, descobre uma roda de samba, vê um mutirão ou uma casa construída com pneu, porque era a única coisa que a pessoa tinha para construir”, garante Ana. “Inovação e soluções existem aos borbotões e a gente deve olhar para isso”, recomenda.
Cultura A proposta da cidade criativa é essa. Descobrir como aproveitar a criatividade a favor da cidade e da inovação, para resolver os problemas existentes. “Desde a dona de casa que faz um rapa na geladeira e cria uma comida deliciosa que todos querem a receita, até a casa de materiais alternativos. Cidade criativa está em permanente vasculhação”, ensina a autora.
E isso sem esquecer a questão cultural. “Uma cidade criativa não tem só a característica muito forte de inovação, mas também de conexões. Não esquece de olhar para o mundo, nem para suas raízes”, conta Ana Carla. Analisar a cultura pelo impacto econômico e administrativo também faz parte do processo.
Nova York e Londres, comprovadamente, atraem pessoas pela cultura: Broadway, museus, gastronomia, arquitetura e patrimônio. “Temos provas cada vez mais evidentes de que a cultura é propícia à cidade e tem impacto econômico. Temos de desmistificá-la do mecenato, do bonitinho, mas não do sério”, diz a autora, que também reforça a importância de conhecer a própria cidade e ser apaixonado por ela. Como exemplo, cita a necessidade de conhecer o lugar em que se vive, o que ocorreu numa esquina em dado momento da história ou quem é o médico que dá nome a determinada rua. Algumas propostas podem ser conferidas no site www.garimpodesolucoes.com.br.
 
Cidades criativas
Lançamento do livro de Ana Carla Fonseca. Nesta quarta-feira, às 19h30, no Espaço Multiuso do Sesc Palladium. Avenida Augusto de Lima, 420, 4º andar. Entrada franca. Informações: (31) 3261-1501. 


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