Setor Infantojuvenil da Biblioteca Pública Luiz de Bessa completa 50 anos com acervo de mais de 25 mil livros

Para especialistas, o maior incentivo à leitura vem dos pais

por Walter Sebastião 13/05/2012 10:42

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Beto Magalhães/EM/D.A Press
(foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press)
A poeta e educadora Cecília Meireles criou no Rio de Janeiro, em 1934, a primeira biblioteca infantil do Brasil. Mas ela só durou quatro anos. Dois anos mais tarde, o escritor Monteiro Lobato criaria instituição semelhante em São Paulo, considerada hoje a mais antiga biblioteca infantil em funcionamento no Brasil. Em Minas Gerais, a referência em relação ao tema é o Setor Infantojuvenil da Biblioteca Pública Luiz de Bessa, na Praça da Liberdade, que está completando 50 anos. “O que gostaríamos de presente é mais livros e mais leitores. A população deve se conscientizar de que a biblioteca existe para atendê-la. O melhor caminho para a informação é a leitura”, afirma Gildete Santos Veloso, diretora do Setor de Extensão e Ação Regionalizada. “Nosso trabalho desenvolve o hábito da leitura como prazer, como atividade lúdica. É assim que tudo começa”, explica Gildete. “Biblioteca acolhe, proprociona contato com os livros. Sem intenção didática como ocorre na escola”, esclarece. “Somos continuação de algo que vem de casa: a curiosidade com os livros”, acrescenta, contando que pais que leem e livros em casa instigam muito os pequenos. O apelido carinhoso do local, continua a diretora, é Biju (de Biblioteca Infantojuvenil). É lugar de muito trabalho, mas prazeroso. “E de muita responsabilidade. É preciso ser isento e não direcionar a leitura dos pequenos, e, ao mesmo tempo, proporcionar possibilidade de escolha, respeitando o leitor e os interesses dele”, conta. Motivo de satisfação, conta a diretora, é ver pais que foram leitores, hoje levando os filhos para a Biju. “Eles querem passar aos filhos o que tiveram de melhor. Vê-los chegando com as crianças traz sentimento de que a biblioteca foi importante na vida deles”, analisa. A biblioteca está, inclusive, coletando depoimentos de pais com ligação com o local, para compor memória afetiva da instituição. Tem mais uma coisa que a diretora adora: ver os muitos jovens tirando carteirinha que dá direito a empréstimo de dois livros. “É tocante ver os bem pequenos interessados por livros e frequentando a biblioteca”, garante. Para ganhar os jovens para a leitura, a Biju não economiza recursos. Tem ambiente e mobiliário diferenciado. Os livros não ficam só nas estantes, mas sobre as mesas. “Nosso público não é o leitor tradicional”, observa. Acrescentem-se atividades de apoio e incentivo à leitura, como a Hora do Conto (normalmente no terceiro sábado de cada mês, às 10h), oficinas de arte, encontro com escritores, rodas de leitura, atividades com objetivo de aproximar crianças e adolescentes do universo literário. “Não temos infraestrutura tão dinâmica quanto gostaríamos, mas a boa recepção das pessoas indica que estamos no caminho certo”, observa a diretora. Com os pais O Setor Infantojuvenil atende em média 5.769 usuários por mês, além dos atendimentos a visitas escolares. É voltado para crianças e adolescentes, sendo público majoritário, conta Vanessa Mendes, coordenadora do local, a turma de 6 aos 11 anos, acompanhada dos pais, especialmente aos sábados. Os adultos que frequentam o espaço ganham elogios de Vanessa: “É emocionante ver pais que aos sábados poderiam levar os filhos ao shopping ou outro local levá-los à biblioteca e ler os livros que as crianças escolhem”, conta. “Criança é público muito interessado em livro, só precisa de ambiente favorável e de quem a atenda”, garante. Um gênero que faz o maior sucesso: terror, além de livros de aventuras e contos de fadas. Clássicos para todos A Biju tem aproximadamente 25 mil livros, acervo que abarca obras de literatura infantojuvenil, bem como de livros informativos de diversas áreas do conhecimento. Crianças podem ter a carteirinha que dá direito a empréstimo de duas obras, por até 14 dias, com direito a renovação por igual período. Para tirar o documento é preciso a presença de responsável. Adultos têm direito a retirar livros emprestados com a carteira dos menores. A partir do acervo da Biju começou a ser formada a Coleção Memória Infantil, com preservação de livros preciosos, destinados ao público de pesquisadores da literatura infantil. O setor fica no segundo andar da Biblioteca Pública, com as coleções especiais. A reunião desses volumes recebeu o nome de Coleção Alexina Magalhães Pinto, em homenagem à educadora mineira que se destacou no contexto histórico da literatura infantil brasileira. São cerca de 3 mil obras literárias e não literárias. A coleção é composta de cartilhas e livros de leitura do final do século 19 e início do século 20, em língua portuguesa e estrangeira; primeiras edições e livros representativos no cenário da literatura infantojuvenil e escolar. Biblioteca Infantojuvenil Subsolo da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, Praça da Liberdade, 21, Funcionários. Segunda a sexta-feira, das 8h às 18h; sábados das 8h ao meio-dia. Palavra de especialista Neusa Sorrente autora de livros infantis Sorriso na recepção A Biblioteca Infantojuvenil é lugar de fácil acesso, tem excelente acervo, infraestrutura cuidada, atividades variadas. Oferece bom atendimento à criança e ao jovem, que são recebidos com sorriso, atenção, procurando saber o que eles querem e conhecê-los como leitores. Há um clima de leveza e beleza que é muito próprio. É local recomendável para todos. Não vale só deixar a criança na porta e ir embora. Os pais deviam entrar, conhecer  o acervo, até para fazer indicação de livros. Os escritores para conhecer o molejo do pequeno leitor. Achei também muito bonito quando vi professores levando seus alunos à biblioteca. Adulto lendo é exemplo para os jovens leitores.

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