Mulheres se destacam no cenário do humor nacional

Humoristas conquistam espaço na televisão com trabalho criativo e talento para improvisação. Novas artistas da telinha criam personagens e não querem saber de fazer escada para os homens

por Ana Clara Brant 07/04/2012 09:42

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MTV/Divulgação
Criadora das personagens Fernandona, Taty Pirigueti e Roxanne, Tatá Werneck ataca o preconceito contra as mulheres que fazem humor (foto: MTV/Divulgação)
A Catifunda de Zilda Cardoso, a Dona Bela de Zezé Macedo ou a Cacilda de Cláudia Jimenez já tiveram seus dias de destaque no reino da comédia. Hoje, a vez é de Janete, Fernandona, Teena, Taty Piriguete e tantas outras personagens femininas que fazem os brasileiros rolarem de rir. Todas são criações de grandes atrizes e comediantes que estão se destacando no cenário do humor nacional, como Tatá Werneck, Thalita Carauta, Miá Mello e Dani Calabresa.

“Nós sempre tivemos mulheres fazendo comédia. Desde os tempos da Dercy Gonçalves. Aí veio a leva da Regina Casé, as atrizes do TV Pirata, depois teve uma fase que a mulher estava sendo usada como uma escada do homem, tipo aquela gostosona, e agora estamos tendo um novo boom. Temos muitas humoristas talentosas em diversos canais e voltando realmente a fazer graça. E é um humor anárquico e non sense”, opina a atriz e comediante Miá Mello, de 31 anos, que despontou na TV fazendo a personagem Teena, uma adolescente irreverente, no programa Legendários, e acaba de estrear no Casseta e Planeta vai fundo. “Tive que me despedir da Teena porque a personagem foi criada pelo Marcos Mion. Foi difícil abrir mão dela, mas o Mion foi muito generoso. Estar no Casseta é um grande aprendizado e tenho certeza de que o projeto vai ser bem legal”, acrescenta Miá.

Uma das principais humoristas da nova geração é Tatá Werneck, de 28 anos, que desde criança quis ser atriz e hoje integra o casting da MTV, onde participa do programa Comédia MTV, ao lado de outra revelação feminina do humor, Dani Calabresa, além de Marcelo Adnet, Paulinho Serra e Bento Ribeiro. Tatá se prepara para estrear no fim do mês, com Paulinho, uma atração diária e ao vivo. Ela acredita que há uma demanda crescente pelo humor, independentemente do sexo, e a partir daí surgem mais oportunidades para que as garotas possam mostrar seu trabalho.

“Acho que as mulheres vão viver realmente um bom momento no humor quando não tiver mais essa distinção; quando for natural e não soar estranho: ‘Ah, as mulheres estão bombando na comédia’. Quando não formos mais julgadas e as pessoas acharem natural a gente fazer as coisas que os homens fazem”, ressalta. Para Tatá, ainda há um certo preconceito com relação às comediantes, e desde pequena ela sentia isso. “As pessoas falavam que menina não devia fazer ou falar algumas coisas; que era assunto para homem. Sempre fui desse jeito. Sou um indivíduo, independentemente do sexo, e não acho que deve haver essa restrição”, frisa.

Estevam Avellar/Divulgação
Miá Mello e Reinaldo na estreia do Casseta e planeta vai fundo: muito mais que um rostinho bonito (foto: Estevam Avellar/Divulgação)
Já Miá defende que humor é quando ela consegue dar risada e que independe de ser homem ou mulher. A nova casseta diz que o importante é cada um ter seu estilo e acredita que o fato de ser muito estabanada foi o que conquistou o público. “A minha personalidade meio destrambelhada acaba se refletindo nas minhas personagens. Faço tudo muito rápido e aí acabo fazendo besteira. Essas gafes são naturais mesmo e se refletem no meu trabalho”, justifica.


Atriz e humorista
Tanto Miá quanto Tatá se denominam atrizes e não acham que deve haver delimitação entre quem faz comédia ou outro estilo de interpretação. Miá Mello revela que sempre soube que tinha uma veia cômica e era tida como a engraçadinha da casa, mas que nunca almejou fazer humor. “Não me considero humorista. Sou uma atriz que faz humor e quero experimentar outros gêneros, como o drama, por exemplo. As pessoas não acreditam, mas juro que sou atriz”, brinca.

Tatá Werneck conta que aos 11 anos fazia temporada com peças infantis pelos teatros do Rio de Janeiro, onde nasceu, e nunca teve dúvida do caminho que pretendia seguir. Cursou faculdade de teatro e de publicidade, fez vários testes e chegou até a participar de um programa da Xuxa, em que apresentava um quadro de clipes e entrevistas. Mas foi na MTV que ela acabou se tornando conhecida, principalmente com suas personagens Fernandona, Taty Pirigueti e Roxanne, que estouraram na internet.

João Miguel Júnior/Divulgação
Mais conhecida como Janete, Thalita Carauta estreia hoje como dona Santinha no Zorra total (foto: João Miguel Júnior/Divulgação)
“Não tenho beleza padrão, sou baixinha, barriguda, sou o que sou. E acho que sou boa de improviso. Mas a pessoa pode ser ótima em improvisar e não ser necessariamente uma comediante”, acredita ela, que é fã do seriado Chaves e o tem como modelo, especialmente, a Chiquinha. “Sou meio bagaceira, então adoro aquele humor bobo e inocente do Chaves. Acho genial o trabalho daqueles atores e eles são a minha principal referência”, resume Tatá.


Dona Santinha
O talento feminino anda mexendo até mesmo em time que está ganhando. O quadro do metrô do Zorra total, da Globo, vai mudar a partir de hoje devido à boa aceitação do trabalho das humoristas. Além do vagão misto, circula agora no metrô um vagão só de mulheres, com cenário todo rosa. Alguns personagens deixarão de fazer parte de blocos fixos e também frequentarão o metrô. Assim, o programa inteiro se passará dentro dos vagões. Thalita Carauta, a Janete Babuína, que divide o esquete com Valéria Vasquez (Rodrigo Sant’Ana), vai fazer nova personagem: dona Santinha.

“A Dona Santinha é uma figura moralista, a típica tia mais velha que tem conselho e simpatia para tudo e adora se meter na vida dos outros. É a síntese humana das pessoas que tentam evoluir e se regenerar, mas continuam cheias de defeitos. No fundo ela tem um bom coração”, define Thalita. A comediante vai ter que se desdobrar: Janete continua no vagão misto e em alguns momentos pode se encontrar com Dona Santinha.

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