Almanaque assinado por Kid Vinil recupera a história do Rock

20/09/2008 11:55
Reprodução Almanaque do Rock/Ediouro
Black Sabbath (foto: Reprodução Almanaque do Rock/Ediouro)

Como mostrar 50 e poucos anos de rock em 250 páginas? A história, o músico, jornalista e radialista Kid Vinil sabe de cor e salteado. O desafio, ao conceber o Almanaque do rock, mais um título da bem-sucedida coleção da Ediouro, foi selecionar a informação. O gênero, que tomou a música de assalto em meados das década de 1950 e sobrevive até os dias de hoje graças a constantes mutações, foi revisto num livro que, se não prima por trazer grandes revelações, acerta ao compilar tudo o que importa nesse universo. Muita coisa ficou de fora, é bem verdade. Kid Vinil havia pensado em dois volumes, mas teve que cortar material porque a idéia era somente um. Ele chega sábado (20/09) a Belo Horizonte para uma tarde de autógrafos no Café com Letras. À noite, discoteca no clube Velvet.


“Na verdade, não dá para fugir da história. Dei prioridade às coisas mais conhecidas, relevantes de cada época, pois não era um livro para trazer muito nome do underground. Trabalhei em cima do rock clássico”, resume Kid Vinil. Dono de uma invejável coleção de discos, que fazem jus ao nome artístico – são 20 mil vinis que ocupam dois quartos de sua casa –, ele contou a história de forma cronológica. Dividiu por décadas, iniciando a trajetória com os negros (Chuck Berry, Little Richard, Fats Domino, Bo Diddley) e os brancos (Bill Haley, Carl Perkins, Johnny Cash, Jerry Lee Lewis, Roy Orbison e Elvis Presley). Mas o primeiro marco, de acordo com o livro, é a gravação de Rocket 88, em 1951, feita pelo grupo The Kings of Rhythm, liderado por Ike Turner. A história do rock, que bem sabemos é cíclica, é contada por Kid Vinil até 2007, ano marcado pelo emo e novos góticos.

Reprodução Almanaque do Rock/Ediouro
(foto: Reprodução Almanaque do Rock/Ediouro)
A Brasil é forte no psicodelismo dos anos 1960 e 70 (com nomes desconhecidos, como as bandas Spectrum e Módulo 1000, e outros reconhecidos, caso de Zé Ramalho e Serguei), passando pela Jovem Guarda, Tropicália, a geração 80, até chegar à atual, com grupos como CPM 22, Cachorro Grande e Dead Fish. Subgêneros o rock tem inúmeros. Dos mais abrangentes, como heavy metal, punk e progressivo, até os mais específicos, caso do merseybeat (estilo da invasão britânica, que veio com os Beatles) e do glam rock (também criado na Inglaterra, com uma palavra que deriva de glamour e demanda exagero nas roupas e na maquiagem dos músicos). Entre tantas ramificações, Kid Vinil cita o indie rock como uma das mais importantes: “Ele surgiu no fim da década de 1980 e até hoje o mundo é indie rock, não ficando localizado a um período.”

O projeto gráfico acompanha o dos outros volumes da série de almanaques. Kid Vinil fez a maior parte da seleção das imagens a partir das capas de seus próprios discos. Ainda que a Ediouro não tenha aprovado, ele almeja um novo volume do Almanaque do rock. “Pode ser como uma segunda escalação com banda que não citei nesse”, comenta ele, que acredita no poder do papel, apesar de boa parte do conteúdo estar presente na internet. “Acho que ainda hoje o almanaque tem sua função como um lugar de consulta”, conclui. Em tempo: para quem acompanha o rock nacional, Kid Vinil é mais conhecido como líder do Magazine, que aparece no livro como uma one hit wonder, denominação que atinge bandas e artistas de somente um sucesso. No caso do Magazine, foram três: Eu sou boy, Tic tic nervoso e Comeu.

CURIOSIDADES

• Em sua forma mais pura, o rock é composto de três a quatro acordes, uma batida forte e contínua e uma melodia pegajosa. O rock and roll traz influência do blues tradicional, do rhythm & blues e da música country.

• Vímana foi uma banda brasileira dos anos 1970 que tocava rock progressivo e teve entre seus integrantes Lobão, Lulu Santos e Ritchie. O grupo acabou em 1978.

• Os três álbuns que John Lennon e Yoko Ono lançaram no fim da década de 1960 traziam pouco de música: Two virgins reunia efeitos sonoros e conversas do casal; Life with the lions foi quase todo gravado em uma fita cassete no quarto de um hospital onde Yoko sofreu o primeiro de seus três abortos; Wedding album reuniu coisas como os sons do casal na cama durante a lua-de-mel.

• A maioria dos álbuns do Pink Floyd traz capas criadas por uma agência chamada Hipgnosis (grupo britânico de designers). O trabalho gráfico sempre fazia uma referência ao título do álbum. A agência, que acabou em 1983, também criou capas para discos do Led Zeppelin, Black Sabbath, Genesis, Yes e Deff Leppard.

• Para dançar o twist, estilo que marcou o verão de 1960 da juventude americana, basta seguir a seguinte cartilha: mexer os quadris e fazer com um dos pés um movimento como se estivesse pisando em uma ponta de cigarro acesa. Já os braços vão para trás como se a pessoa estivesse se enxugando com uma toalha depois do banho.

MARCOS

1955 – Chuck Berry inventou o rock and roll e Elvis Presley o popularizou

1966/67 – Bob Dylan, Beatles, Rolling Stones, Frank Zappa, Velvet Underground e The Doors causaram uma revolução maciça na estrutura do rock and roll

1976/77 – O punk rock e a new wave mais uma vez revolucionaram o rock and roll

1987/88 – Bandas como Pixies, Fugazi e Sonic Youth criaram o indie pop

1993/94 – Radiohead, Oasis, Blur, Pulp, Manic Street Preachers e Suede inventaram o britpop

ALMANAQUE DO ROCK
De Kid Vinil. Ediouro, 248 páginas, R$ 49,90.
Reprodução Almanaque do Rock/Ediouro
Bon Jovi, Cndy Lauper e Billy Idol, Fats Domino e Chuck Berry (foto: Reprodução Almanaque do Rock/Ediouro)

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