'Os meninos que enganavam nazistas' leva para a telona a história de Joseph Joffo

Joffo era um garoto judeu cuja família tentou escapar separadamente de Paris durante a ocupação alemã

por Pedro Galvão 03/08/2017 08:30

Thibault Grabherr/Divulgação
Os irmãos Maurice (Batyste Fleurial) e Jo (Dorian Le Clech) precisam ir de Paris a Nice, para fugir da perseguição nazista. (foto: Thibault Grabherr/Divulgação )

Em meio aos horrores do Holocausto e da Segunda Guerra Mundial, uma história de amor e amizade. A fórmula não é novidade no cinema, mas não costuma falhar na tentativa de sensibilizar quem a assiste. Em outro drama baseado na realidade de quem sobreviveu a um dos piores momentos da história moderna, Os meninos que enganavam nazistas, que estreia nesta quinta-feira, 03, apresenta a trajetória de um garoto judeu durante a ofensiva alemã na França, entre 1941 e 1944.

Adaptada de sua autobiografia, a coprodução francesa e canadense mostra a infância de Joseph Joffo, que, aos 10 anos, era apenas Jo, o caçula de quatro irmãos que viviam em Paris criados pelo pai, o barbeiro Roman, e pela mãe, Marie. Uma linda família, unida, cujos filhos mais velhos já ajudavam na barbearia e os mais novos se dedicavam à escola primária. Tudo vai bem até que a ocupação alemã se torna mais severa e eles têm de deixar a capital para escapar de ser enviados a um campo de concentração.

Para despistar os nazistas, a família se separa e Jo (Dorian Le Clech) é obrigado a partir apenas na companhia do irmão Maurice (Batyste Fleurial), poucos anos mais velho que ele. A jornada até Nice, onde se encontrava a Zona Neutra, livre de qualquer perseguição estrangeira, é cheia de perigos e soldados com ordens para exterminar judeus. A dupla tem que mostrar inteligência, coragem e muita união para atravessar o caminho e chegar ao destino, onde supostamente encontrará o resto da família.

AMOR E UNIÃO O filme se sustenta na sensibilidade dos garotos. Ainda ingênuos para compreender a dimensão do problema em que a família está envolvida, a ponto de confiar em pessoas erradas e não saber como lidar com as ameaças, o amor puro que nutrem um pelo outro e pelos pais lhes dá força para seguir em frente. Ambientado na metade final da Segunda Guerra, o filme reconstrói aspectos históricos do período, mostrando alguns pontos de vista específicos, como a ajuda que alguns padres católicos teriam dado a judeus em situação de risco. A vingança, por vezes sádica, contra os franceses que apoiaram os nazistas também entra em cena, assim como a crueldade e a frieza dos oficiais alemães.

Deixando o contexto trágico da guerra de lado, a fotografia do filme proporciona a quem assiste uma bela viagem pelo interior da França em alguns momentos. Além disso, há uma lição de companheirismo e respeito passada pelos protagonistas, diante do cenário de intolerância e violência da época, que hoje encontra eco em discursos e atitudes tanto de líderes políticos quanto de grupos sociais em várias partes do mundo.

Quem dirige a trama é o canadense Christian Duguay, o mesmo da série televisiva Hitler: The rise of evil (Hitler: A ascensão do mal), exibida na rede norte-americana CBS, em 2003. O seriado mostrava a escalada do ditador nazista até o poder e seus planos de domínio mundial, tendo obtido uma indicação ao Emmy daquele ano. Duguay também filmou Belle et Sébastien, l’aventure continue (2015), uma história sobre a amizade entre uma criança órfã e uma cachorra, igualmente ambientada na França durante a Segunda Guerra, em seus momentos finais, para ser mais exato.

 

Abaixo, confira o trailer:

 

MAIS SOBRE CINEMA