Morre Silvio Navas, dublador de Darth Vader e Charles Chaplin

Nascido em São Paulo, ele atuava desde a década de 1960. Ele emprestou sua voz para diversos atores, como Charles Chaplin - em O Grande Ditador, Marlon Brando e Gene Wilder

por Estado de Minas 30/07/2016 16:05
Reprodução internet/Facebook
(foto: Reprodução internet/Facebook)
Morreu nessa sexta-feira, aos 74 anos, o dublador Silvio Navas. Nascido em Santos (SP), ele era famoso por dublar o vilão Darth Vader na primeira trilogia de Star Wars, e Mumm-Ra, no desenho animado Thundercats. A causa da morte não foi divulgada. Chamado de 'o dublador das mil vozes', Navas era dono de um dos timbres mais marcantes e conhecidos do Brasil, e fez parte do elenco das principais produtoras, entre elas a Herbert Richards e a AIC, na qual começou a carreira.

Navas começou sua carreira na década de 1960 na Academia Internacional de Cinema (AIC), em São Paulo. Ele também trabalhou como ator, diretor de dublagem e dava cursos para os interessados em seguir a carreira.

Seu último trabalho como ator foi no longa-metragem O Indulto (independente e sem fins lucrativos), produzido pelo Canal Sun 21 HD, gravado em 2014 na cidade de Ourinhos, no interior de SP. "Silvio foi o maior dublador brasileiro de todos os tempos", diz o diretor Samuel Sanches. Navas fez participação especial, em 2012, do curta 'Outland', da mesma produtora, exibido em 26 países.

Ele dublou Charles Chaplin em diversos filmes, como O Grande Ditador, Luzes da Ribalta, e os atores Humphrey Bogart, Gene Wilder, John Goodman, Bud Spencer, Fred Astaire, Marlon Brando, Robert Duvall, Anthony Quinn, entre outros. Nas animações, além de Thundercats, ele dublou Gomez em A Família Addams, Papai Smurf em Os Smurfs, e também personagens de Transformes, Dragon Ball e Bob Esponja.

Confira vídeo de Silvio Navas fazendo a voz de Mumm-Ra em 2009


"Aprendi com um mestre, foi uma aula de interpretação, ele não errava uma fala do texto, era impecável, um domínio em cena na frente das câmeras que se traduzia por trás delas, na dublagem das centenas de personagens aos quais ele deu vida. Interpretar um outro ator e criar em cima de uma interpretação é para poucos e Silvio o fazia como se fosse algo simples", diz Sanches. "Era um contador de histórias. Por onde passava, reunia uma multidão ao seu redor. Era meu amigo, tinha personalidade forte, deixa um legado cultural imenso", afirma o diretor.

"Conversei com ele por telefone há umas semanas. Com voz firme, como que se despedindo, disse 'obrigado, Samuel, pela oportunidade de participar do filme de sua família'. E sempre me ligava no meu aniversário", lembra Sanches.

Em 2012, Silvio Navas sofreu uma queda em casa, fraturou o fêmur e foi submetido a uma cirurgia para colocação de uma prótese. Apesar da boa recuperação, passou a usar uma bengala. Dois anos depois, foi diagnosticado com Alzheimer.

"Logo após o diagnóstico, nós conversamos e ele me disse que poderia começar a esquecer o texto e até não reconhecer as pessoas. Em 2015, na nossa última conversa, levou mais de uma hora para lembrar quem eu era. É uma pena que um talento desse porte vá embora. E também é lamentável que o país não reconheça artistas dessa qualidade", afirma Samuel Sanches.

Silvio Navas estava internado na Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Santos, com um quadro de infecção, e aguardava na fila do SUS (Sistema Único de Saúde) para ser submetido a uma cirurgia de retirada da prótese da perna. Ele faleceu às 18h30 de sexta-feira, 29.

Com Agência Estado

MAIS SOBRE CINEMA