'Carrossel 2 - O sumiço de Maria Joaquina' chega às telas um ano depois da aventura do primeiro longa

Filme, que traz mais uma vez a turma da Escola Mundial, é simplório e sem graça

por Carolina Braga 07/07/2016 09:21

Uma coisa é um projeto funcionar há décadas na televisão. Outra, completamente diferente, é ter vida própria no cinema. Ainda mais em uma continuação.


Carrossel 2 – O sumiço de Maria Joaquina chega às telas um ano depois da aventura do primeiro longa, lançado em julho do ano passado. Sem um roteiro consistente, a produção se embola em clichês. Tem a professora doce, a diretora durona, o vilão atrapalhado.

Na trama, os alunos da Escola Mundial são convidados a participar de um show da cantora Didi Mel (Miá Mello). Amiga de infância da professora Helena (Rosanne Mulholland), ela se surpreendeu com o sucesso que as crianças fazem na internet com o clipe de PanáPaná.

Paris Filmes/Divulgação
Em 'Carrossel 2 - O sumiço de Maria Joaquina', Oscar Filho e Paulo Miklos interpretam dois sequestradores (foto: Paris Filmes/Divulgação)

No dia do ensaio, Maria Joaquina (Larissa Manoela) é sequestrada pelos vilões Gonzales (Paulo Miklos) e Gonzalito (Oscar Filho), recém-saídos da prisão. A garota não perde a empáfia, mas a turma resolve topar o desafio de uma gincana para salvá-la.

Ao longo de seus 90 minutos, o espectador acompanha os alunos na sequência de provas. Como são todas muito simplórias, em nenhum momento instaura-se no filme a sensação de que Maria Joaquina realmente corre perigo.


Paulo Miklos e Oscar Filho compõem uma dupla do mal que mais parece uma dobradinha de palhaços. A atuação deles, embora caricata, é o que de melhor há no filme. O núcleo do mal também conta com participação de Elke Maravilha, como uma senhora surda. Elke nunca deixa de ser ela mesma.

Carrossel 2 – O sumiço de Maria Joaquina também foi dirigido por Maurício Eça, responsável pelo primeiro longa. O filme repete no cinema a estética da TV. Por exemplo, são raros os planos sequências. Toda a história é contada por meio de planos médios e contraplanos. Em geral, a direção adota o ângulo central para a câmera, ou seja, em linha reta com o nariz dos personagens.

A temática sempre é uma questão para os filmes infantojuvenis. No caso de Carrossel 2, o roteiro escolhe não dar peso para nenhuma mensagem específica. Ao mesmo tempo em que fala sobre amizade e marcas de infância, destaca o vício dessa geração pelos gadgets tecnológicos e o bulling, sempre presente.


Não faz força para combater o preconceito e os lugares comuns. A gordinha (Aysha Benelli) aparece sempre comendo e Cirilo (Jean Paulo Campos), que é negro, é desprezado – chega ser até humilhado – por Maria Joaquina.

No quesito interpretação, a entrada de Rosanne Mulholland, que faz a professora Helena na televisão, foi um ganho para o elenco. Miá Mello exagera na composição da cantora Didi Mel. O mesmo vale para Larissa Manoela como Maria Joaquina.


Carrossel 2 não tem fôlego para fazer do longa um representante à altura do gênero aventura infantojuvenil. Crianças e adolescentes merecem filmes menos simplórios e mais consistentes.

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