Produtor Marcus Ligocki Júnior estreia na direção de longas com 'Uma loucura de mulher'

Comédia custou R$ 7,5 milhões e tem 400 cópias distribuídas pelas salas do país, número alto em se tratando de produções nacionais

por Helvécio Carlos 02/06/2016 10:00
Luciana Melo/DivulgaÇÃo
Luciana Melo/DivulgaÇÃo (foto: Luciana Melo/DivulgaÇÃo)
São Paulo –
Brasília está na pauta dos acontecimentos. Mas não foi o turbilhão político dos últimos meses que inspirou Uma loucura de mulher, comédia que marca a estreia de Marcus Ligocki Júnior na direção de longas-metragens. “A política é um ambiente que está sempre ali à nossa volta. Vivendo em Brasília, não temos como pensar muito distante da política. É um universo muito próximo”, observa.

Na telona, Ligocki conta a história de Lúcia (Mariana Ximenes) e Gero (Bruno Garcia), um pré-candidato ao governo do Distrito Federal que tem a vida arruinada com assédio do senador Waldomiro à sua mulher. “Minha intenção foi entrar na casa deles e mostrar o impacto na vida após aquela situação”, emenda Ligocki, para quem a política é apenas um viés e não o pano de fundo da história. “Nosso filme é água com açúcar diante de tudo que está ocorrendo por aí”, interfere, com ironia e bom humor, Augusto Madeira, durante a coletiva de imprensa, em um hotel em São Paulo.

“Para Lúcia, minha personagem, a situação foi o estopim capaz de colocar fim a uma relação há tempos desgastada. Ela, que deixou a carreira de bailarina para viver com Gero, passou de recatada e do lar para mulher questionadora”, diz Mariana Ximenes, entusiasmada com o trabalho, em que também atua como produtora. Ela conta que topou a empreitada pelo simples fato de ter gostado do tema e por causa da possibilidade de se aventurar pela comédia. Uma loucura de mulher é o terceiro longa em que a atriz atua na produção.

Grande parte do filme foi rodado em Brasília, onde foi construído o cenário do apartamento no qual Lúcia vai morar, no Rio de Janeiro. “Foi preciso construí-lo para a cena em que Gero, Lúcia e Raposo (Sérgio Guizé), ex-namorado da protagonista, tentam se esconder um do outro em uma situação divertida. Queria que a cena fosse especial. Fiz estudos de vários filmes bem-sucedidos e então comecei a estudar posicionamento das portas, o movimento da câmera. Aí veio a mise-en-scène.”

Aposta alta
Em um momento do cinema nacional em que as bilheterias das comédias ultrapassam sete dígitos, Ligocki tem os pés nos chão. “Criei todas as condições para que o filme tivesse um bom desempenho com o público”. Orçado em R$ 7,5 milhões, o longa chega aos cinemas com 400 cópias.

Se na telona a política é um caso sem solução, na vida real, na opinião de Ligocki, as coisas podem mudar. “Acho que tem solução sim, apesar do nosso jeito de olhar para a política e de as expectativas estarem muito desgastadas. Em minha percepção, é necessário que cada indivíduo, na relação social, tenha seu espaço com possibilidade de pensar e se posicionar. Assim, acredito, estaremos mais próximos de uma política eficaz, que promova o desenvolvimento do país”, pondera o diretor, que também assina a produção do longa, o quinto em sua carreira de produtor.

Uma loucura... é o último da carreira de Luis Carlos Miele, que morreu em outubro do ano passado. Ligocki conta que a sugestão para convidá-lo partiu de Mariana Ximenes, que já havia trabalhado com ele. “Para interpretar o senador, precisava de uma figura marcante para aparecer no início do filme e provocar todo o movimento da protagonista dali pra frente.” Os colegas de set não pouparam elogios a Miele. “Tivemos a honra de conviver com ele em seu último trabalho”, elogia Augusto Madeira. “O filme podia se chamar Uma loucura de Miele”, brincam, reforçando que os dias divididos no set com ele foram divertidos e inesquecíveis.

* O repórter viajou a convite da Imagem Filmes.

MAIS SOBRE CINEMA