Sexto filme da franquia X-Men peca por não surpreender

O ator Oscar Isaac decepciona como Apocalipse, o vilão mais esperado da série. James McAvoy interpreta o Professor Xavier

por Helvécio Carlos 19/05/2016 08:24
Marvel/Divulgação
'X-Men: Apocalipse' tem ritmo intenso mas padece de falta de humor. (foto: Marvel/Divulgação)
X-Men: Apocalipse estreia em 43 salas da Grande Belo Horizonte, mas os fãs podem se decepcionar com a nova trama dos mutantes. Dirigido por Bryan Singer – o mesmo de X-Men: Dias de um futuro esquecido (2014), X-Men: o filme (2000) e X-Men 2 (2003) – , o sexto longa não acrescenta nada de novo à história de mais um vilão, En Sabah Nur, o Apocalipse, e sua louca vontade de dominar o mundo. Ele acredita piamente que vai salvar a humanidade, que se perdeu ao longo dos séculos. O malvado até segura a onda, mas corre o risco de acabar lembrado como o mutante chiliquento que detestou acordar, depois de séculos, e não ser tratado como deus.

Para dar conta de “faxinar” o planeta e não sujar apenas as próprias mãos, En Sabah (Oscar Isaac) forma o seu exército: Magneto (Michael Fassbender), Psylocke (Olivia Munn), Tempestade (Alexandra Shipp) e Anjo (Ben Hardy). O embate se dá com a turma de Raven (Jennifer Lawrence), Professor Xavier (James McAvoy) e os jovens X-Men.

Mais velha dos X-Men, Raven volta à ativa depois de, finalmente, se aceitar como é. Com a pele azul, a mutante se transforma no que quiser. Antes do novo filme, ela tentava se esconder, mas sem abandonar sua raça, eternamente explorada pelos seres humanos.

O ponto central da trama não é novidade para os fãs. Os mais atentos perceberam as dicas de Bryan Singer nos créditos finais de Dias de um futuro esquecido..., lançado em 2014. En Sabah Nur, bem mais novinho, erguia pirâmides por telepatia. Agora, surge sob os escombros de uma das imensas construções. O filme é literalmente longa-metragem: tem 163 minutos.
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Professor Xavier (James McAvoy) lidera exército de mutantes que luta para impedir o fim do mundo (foto: Marvel/Divulgacao)

A luta maior não está na tela. X-Men: Apocalipse chega dois anos depois do blockbuster Dias de um futuro esquecido.... Conquistar bilheterias e público será tarefa tão árdua quanto acabar com os planos do vilão da vez. Produtores não têm a menor dúvida de que vão conseguir o intento. Mas a afirmação de Simon Kinberg, roteirista dos dois longas, de que houve um salto criativo ao fazer de Apocalipse o vilão mais poderoso do universo dos X-Men, só funciona no material de divulgação. As maldades, na verdade, não surpreendem. Falta criatividade.

X-Men: Apocalipse começa bem ao focar na origem de En Sabah Nur, depois de passar cinco mil anos esquecido sob toneladas de pedras. Em plena década de 1980, ele desperta por acaso no Cairo, a capital do Egito. Nos primeiros minutos, o longa exibe direção ágil – em sessões 3D, o público curte um clima de aventura bem legal. Mas a história vai se desenrolando, alguns personagens são apresentados... e nada de surpresa.

O ritmo imposto por Bryan Singer não deixa ninguém cochilar. Porém, a coisa só fica mais animada quando Mercúrio (Evan Peters) surge ao som de Sweet dreams, clássico oitentista do duo Eurythmics, para salvar os alunos da escola do Professor Xavier. A cena garante o preço do ingresso. Na verdade, cabe à tecnologia salvar X-Men... de ser lançado ao limbo.

O novo longa padece de falta de humor, tempero que se mostra eficiente em filmes do gênero. O elenco reúne bons atores, mas a composição dos personagens deixa a desejar. Oscar Isaac, o antagonista, tem interpretação burocrática. Michael Fassbender, o Magneto, dividido entre o bem e o mal até a solução da história, faz um trabalho OK. Por sua vez, Hugh Jackman surge em participação especial – para muitos, despede-se aqui definitivamente do Wolverine.

Como tudo em X-Men: Apocalipse é óbvio, o final não é segredo. O vilão se dá mal, deixando no público aquele gostinho amargo de mais do mesmo.

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