Na briga pelo Oscar, 'A grande aposta' ironiza mitos e 'verdades' do mercado financeiro

Longa de Adam McKay concorre a cinco estatuetas na premiação

22/01/2016 09:00
Paramount/Divulgação
(foto: Paramount/Divulgação)

Uma aula – cômica, se não fosse trágica – de economia. Assim é A grande aposta, em cartaz em BH, que concorre a cinco estatuetas do Oscar (filme, diretor, ator coadjuvante, roteiro adaptado e montagem). Quase ninguém entende o que ocorreu exatamente quando o mercado imobiliário americano foi a pique, em 2008, contribuindo fundamentalmente para a crise econômica da qual o mundo ainda tenta se recuperar. Diretor de comédias escrachadas como O âncora – A lenda de Ron Burgundy, Adam McKay diverte e, principalmente, alerta a respeito de “verdades” do mercado financeiro, “previsões” de analistas e das manchetes que a realidade se encarrega de “derreter”.

Baseado no livro A jogada do século – The Big Short, do jornalista Michael Lewis, o filme conta a história de quatro “feras” do mercado financeiro que, já em 2006, perceberam a maracutaia da bolha imobiliária norte-americana. Pioneiros, previram o quanto aquele estouro abalaria a economia dos EUA, a maior do planeta, transformando o sonho da casa própria em verdadeiro filme de terror. O quarteto ganhou dinheiro com isso, mas também advertiu – sob a pecha de “lunático” – sobre o tsunami que viria anos depois.

Steve Carell faz o papel de Mark Baum, diretor da empresa FrontPoint, subsidiária da gigante Morgan Stanley. “Mark ficou dividido entre o dinheiro que ia ganhar por saber o que sabia e a vontade de ir atrás dos bancos responsáveis. Há um dilema moral, porque seu sucesso é o fracasso de todo o mundo”, contou o ator.

McKay desglamourizou o mercado financeiro, a começar pelos galãs. De peruca e bronzeado artificial, Ryan Gosling interpreta o oportunista Jared Vennett, do Deutsche Bank, que vê na bolha imobiliária prestes a explodir uma chance de bons negócios. “Não queríamos que esse mundo e esses personagens fossem sexy. E, sim, que fosse algo mais humano, com pouco daquela Wall Street impenetrável e sem rosto. São pessoas com vidas, tentando tomar decisões num segundo, deixando-se levar pelas tendências do momento”, explicou Gosling.

Brad Pitt surge nada bonitão – barbado e de franja – como Ben Rickert, que abandonara a profissão de banqueiro até ser procurado pelos jovens Charlie Geller (John Magaro) e Jamie Shipley (Finn Wittrock). Christian Bale disputa o Oscar de ator coadjuvante pelo papel como Michael Burry, neurologista que virou agente financeiro nada convencional, fã de heavy metal.

MERCADO LIVRE Para Jeremy Strong, que interpreta Vinnie Daniel, um dos analistas da empresa de Mark Baum, os personagens reais ficaram abalados pelo que ocorreu. “Todos acreditavam em mercados livres e responsáveis. Quando começaram a ver a extensão do comportamento pernicioso e irresponsável, ficaram desiludidos primeiro e depois tristes. Os pilares de seu mundo estavam desmoronando. Eles ganharam dinheiro, mas perderam algo mais fundamental”, acredita Strong. Para o ator, é hora de o americano parar de se distrair com a cultura pop e o culto às celebridades e “perceber as coisas sérias que estão ocorrendo sob nossos narizes.”

“Espero que, ao fim, as pessoas conversem sobre o tema. Que se inicie uma discussão sobre o que ocorreu e potencialmente pode se repetir”, conclui Steve Carell. (Com Mariane Morisawa, de Estadão Conteúdo)

A GRANDE APOSTA
(EUA, 2015, 130min, de Adam McKay) –  Investidores preveem o estouro
da bolha imobiliária nos EUA e lucram com isso. 14 anos.
. BH 7, 12h50, 15h50, 18h45, 21h45 (leg)
. Boulevard 3, 21h15 (leg)
. Boulevard 5, 19h10 (leg)
. Cidade 3, 18h20 (dub), 20h50 (leg)
. Contagem 3, 18h40 (dub), 21h10 (leg)
. Del Rey 1, 18h30 (leg)
. Del Rey 2, 22h30 (hoje e amanhã, leg)
. Del Rey 3, 20h50 (leg)
. Diamond 1, 15h30, 21h25 (leg)
. Diamond 4, 19h (leg)
. Metropolitan 5, 14h (dub)
. Paragem 4, 16h, 21h10 (leg)
. Ponteio 1, 15h50, 21h (leg)

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