'Órfãos do Eldorado' aposta na poesia cinematográfica artesanal

Primeira ficção de Guilherme Coelho explora a tensão dos corpos e contraste entre naturezas

por Carolina Braga 25/11/2015 17:03

Factoria Comunicacao/Divulgação
Dira Paes é uma das protagonistas de 'Órfãos do Eldorado' que narra os conflitos de Arminto, interpretado por Daniel de Oliveira (foto: Factoria Comunicacao/Divulgação)
O diretor Guilherme Coelho não tem dúvidas de que é chegada a hora “H” para Órfãos do Eldorado, a primeira ficção assinada por ele. “É um filme que chama para uma imersão, uma experiência que faz diferença estar em uma sala de cinema. É por isso que estamos animados para mostrar aí”, diz. Depois de percorrer diversos festivais, o longa adaptado do romance homônimo de Milton Hatoum estreia no circuito comercial.

A primeira exibição pública de Órfãos do Eldorado foi em janeiro, durante a Mostra de Cinema de Tiradentes. Segundo Guilherme, a versão apresentada no Cine Tenda foi alterada, principalmente na edição de som. “Aquele não foi o corte final e nem era uma sala de cinema convencional”, diz sobre o espaço montado anualmente no Largo da Rodoviária, na cidade histórica.

Órfãos do Eldorado entrou em cartaz em 16 salas brasileiras em 12 de novembro. O cineasta gosta de dizer que fez um filme artesanal e, como tal, está preparado para lidar com a dificuldade do mercado. Em Belo Horizonte, estreia apenas na sala 3 do Cineart do Shopping Cidade.

“Descobri que esse é um filme completado pelo outro. É o cinema que eu quero fazer. Uma narrativa que também diz do outro, que tem alteridade”, afirma o diretor. Com Daniel de Olivera, Dira Paes e Mariana Rios como protagonistas, Órfãos do Eldorado narra os conflitos de Arminto (Daniel). Depois de anos afastado de Belém (PA), ele retorna à terra natal para assumir os negócios do pai. Quando reencontra Florita (Dira), sua grande paixão, e descobre Dinaura (Mariana), é consumido pelos fantasmas do passado.

Ao mesmo tempo em que Órfãos explora a tensão dos corpos dos personagens, a estética – bastante poética – aposta no contraste entre naturezas. Há a força do humano, do meio ambiente, das crenças amazônicas. Para Guilherme, buscar maneiras menos óbvias para se contar histórias é uma forma de fazer cinema político. “Tentamos expandir as nossas antenas sobre como percebemos o mundo. Vamos além de uma narrativa fechada mas pensamos um filme de fato aberto”.

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