Crítica: Filme aplica a filosofia de 'O Pequeno Príncipe' ao nosso dia a dia

Longa francês dirigido por Mark Osbourne não se intimida diante do best-seller mundial de Antoine de Saint Exupery e cria narrativa paralela à consagrada pelo livro

por Fellipe Torres 19/08/2015 11:29

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(foto: Divulgação)
O grande trunfo da adaptação de 'O pequeno príncipe' para os cinemas (estreia desta quinta-feira, 20/08) é não se intimidar diante do best-seller mundial de Antoine de Saint Exupery. A animação francesa dirigida por Mark Osborne ('Kung fu panda'), pelo contrário, goza de grande liberdade para criar narrativa paralela à consagrada pelo livro infantojuvenil, que se passa nos dias atuais. Ao mesmo tempo, demonstra habilidade em reproduzir a essência do clássico literário, em alguns momentos interpretadas e adaptadas ao cotidiano.

No longa, uma menina extremamente controlada pela mãe vê uma hélice perfurar a parede da sua casa. Após o acidente, decide conhecer o vizinho culpado pelo acidente, um senhor excêntrico que é o contraponto de tudo o que conhecera até ali, em sua vida cheia de regras, prazos e metas. A amizade entre os dois começa quando o velho aviador se propõe a lhe contar a história de um pequeno príncipe que vive, ao lado de uma rosa, em um asteróide. Assim, o enredo do livro é colocado em segundo plano, e surge em formato de flashbacks, mas sem prejudicar o andamento de ambas as narrativas.

A diferenciação entre as histórias é reforçada pelas técnicas de animação. Enquanto o núcleo principal segue a estética 3D, as voltas no tempo para contar a saga do Pequeno Príncipe lançam mão de animação stop-motion, com gravação de bonecos quadro-a-quadro. O resultado é um belo cruzamento entre tecnologia e visão artística, sem sobressaltos (possivelmente suavizados pela bela trilha sonora de Hans Zimmer e Richard Harvey). Mais adiante, quanto as histórias finalmente se encontram, o Pequeno Príncipe adere, simbolicamente, ao 3D.

O filme trata com muito cuidado as metáforas do livro e reforça o viés de crítica social, quando ironiza a busca obsessiva pela excelência e produtividade, em detrimento da imaginação, dos sonhos e da diversão. "Ser adulto" chega a ser tratado como sinônimo de ser anestesiado para se tornar peça de uma engrenagem da sociedade. Mas a própria animação trata de amenizar o discurso, não sem antes frisar o que Exupery já havia cravado: "O essencial é invisível aos olhos".  


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