Filme 'Real beleza' discute a subjetividade do conceito do belo

Com trama em torno de um fotógrafo de moda e uma aspirante a modelo, longa é dirigido por Jorge Furtado

por Carolina Braga 06/08/2015 08:00

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Primeiro Plano/divulgação
Adriana Esteves e Vladimir Brichta em cena de 'Real beleza', que estreia nesta quinta (foto: Primeiro Plano/divulgação)
O diretor gaúcho Jorge Furtado afirma que só entende bem os próprios filmes depois que os conclui. 'Real beleza', seu novo longa, que estreia hoje em Belo Horizonte, circulou antes por festivais e foi exibido em pré-estreias. Ou seja, Furtado tem uma opinião formada: “Cheguei à conclusão de que os meus filmes são sempre a mesma história”, brinca o diretor de Houve uma vez dois verões, O homem que copiava e Saneamento básico.

Seja comédia ou não, se tem a assinatura de Furtado sempre haverá uma pitadinha de romance, com um cara apaixonado que faz de tudo para conquistar a amada. Embora não exclua o olhar romântico do cineasta, a história de amor, em si, não é o principal ingrediente nesse longa, protagonizado pelo casal Vladimir Brichta e Adriana Esteves.

Como homem ilustrado que é, Jorge Furtado quis discutir a subjetividade do belo. “Em 'Saneamento básico' (2007), usava uma frase do Dostoiévski, em O idiota', que dizia que ‘a beleza salvará o mundo’. Essa é uma ideia antiga”, conta. Na época em que fazia publicidade no Sul, ainda nos anos 1980, o diretor presenciou um fotógrafo de cena tendo um ataque de fúria por causa de um aspecto que não o agradou no set.

'Real beleza' começa com uma situação parecida. O fotógrafo, no caso, é João (Brichta), profissional bem-sucedido que tem um rompante, agride uma modelo e assume uma nova função na cadeia do mercado da moda. João parte para o interior do Rio Grande do Sul à caça de novas modelos. Enquanto procura a sua Gisele Bündchen, apaixona-se pela mãe de uma das candidatas.

 

 

 

PADRÕES

Por trás de uma história de amor – até bastante convencional e morna – o diretor quer falar sobre como a discussão sobre gosto é uma constância em nossas vidas. “Você não vai encontrar duas pessoas dizendo a mesma coisa sobre nada. Seja um filme, um livro. O padrão de beleza muda radicalmente de um país para outro, de uma época para outra. Mas, ao mesmo tempo em que a beleza é totalmente subjetiva, há uma materialidade que comove todos”, afirma o diretor.

No longa, o personagem de Brichta convida Maria (Vitória Strada), a filha do casal Pedro (Francisco Cuoco) e Anita (Adriana Esteves), a ingressar na carreira de modelo. A mãe autoriza, mas o pai, um pensador amante dos livros, se recusa a dar o aval.

'Real beleza' é uma obra de não ditos. Por meio do personagem Pedro, o diretor faz homenagens e citações a Guimarães Rosa, Fernando Pessoa, Jorge Luís Borges, o fotógrafo Cartier-Bresson, entre outros. É uma forma de defender mais conteúdo do que forma nos dias de hoje.

Para Jorge Furtado, o novo trabalho permite diversos graus de interpretação. “Pode ter uma primeira leitura para um público que gosta de romance, mas, aquele que tiver mais atenção perceberá outras camadas.”

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