Letícia Colin e Caio Blat estrelam o filme 'Ponte aérea'

Longa é o segundo da diretora Júlia Resende, de 'Meu passado me condena'

por Walter Sebastião 26/03/2015 09:00

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Paris Filmes/divulgação
(foto: Paris Filmes/divulgação)
O simpático 'Ponte aérea', o segundo longa da diretora Júlia Resende, que estreou com 'Meu passado me condena', coloca na tela uma dupla charmosa e complicada: a publicitária paulista Amanda (Letícia Colin) e o artista plástico carioca Bruno (Caio Blat). Ela, profissional bem-sucedida com vida independente e movimentada. Ele é grafiteiro respeitado, cuja obra chama a atenção das galerias de arte, com vida alternativa e boêmia. Ambos bem-resolvidos em relação às opções existenciais e aos desafios que encontram pela frente.

Quando o assunto é paquera, Amanda e Bruno são “ficantes” assumidos. A vida boa e estável se complica quando, depois de se encontrarem casualmente e ter envolvimento ligeiro, os dois se veem às voltas com o caso que continua além do previsto. O casal descobre que relação mais intensa e duradoura tem preço. Isso obriga a dupla a se perguntar o que deseja da vida.

A trama é apresentada com alguma ironia, belas imagens (Letícia Colin está lindíssima!), boas interpretações e trilha sonora caprichada. Tem sabor de crônica sobre prazeres, dilemas e questões postos por um momento crítico: a passagem da liberdade para o compromisso..

A trama parece só uma fantasia romântica – o que o filme é mesmo, com força e até atrevimento. Mas é saboroso ver como a diretora, uma das autoras do roteiro, torna a história envolvente. Primeiro, rompendo com estéticas como a da televisão, que torna tudo passional ou caricatural. Com sensibilidade, ela observa personagens, situações e dúvidas sem julgá-los por critérios discutíveis, como a anacrônica, preconceituosa e injustificada exacerbação dramática das diferenças, escolhas profissionais ou situação social. Todos os personagens ganham nuances, graça e leveza. Têm razão para ser o que são e ter as dúvidas que apresentam. Tudo isso nos chega de forma despretensiosa e equilibrada, buscando ver o mundo com lucidez.

Chama a atenção o elaborado e cuidadoso trato conferido à linguagem cinematográfica. Não só à boa fotografia, mas à construção de um tempo narrativo adequado ao que a história pede – nem lento nem rapidinho como videoclipes e filmes “jovens”. 'Ponte aérea' é ambicioso sem ser pretensioso. É um prazer ver uma diretora que gosta de cinema em busca de um tom pessoal. A derrapada fica por conta das imagens finais com clichês de filmes românticos: grandes closes dos protagonistas com cara de seriado de TV. Isso vai de encontro à elegância apresentada ao loyoungo do filme.

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