Comédia de erros com Jennifer Aniston gourmetiza a cultura pulp

Filme 'Sem Direito a Resgate', em cartaz a partir desta quinta, é baseado em livro de Elmore Leonard

por Julio Cavani 26/02/2015 11:08

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H2O/ Divulgação
Personagem é vítima de um sequestro que tem tudo para dar errado (foto: H2O/ Divulgação)
Baseado em um livro do engenhoso escritor Elmore Leonard (autor de 'Jackie Brown' e 'Irresistível paixão'), 'Sem direito a resgate' é uma comédia de erros, em vários sentidos. A trama gira em torno de um sequestro que tem tudo para não dar certo. Jennifer Aniston interpreta a esposa de um trambiqueiro (Tim Robbins) que é sequestrada e passa por um constrangimento ainda maior porque seu marido não parece interessado em pagar o resgate. A situação fica mais bizarra quando os sequestradores começam a discordar entre si. A ação acontece na década de 1970, o que daria um charme retrô para o filme, com um visual vintage e personagens chinfrosos.

Um filme como esse tem que ser muito original para funcionar, o que não é o caso. Percebe-se uma intenção de aproximação com o universo dos Irmãos Coen, mas o carisma dos personagens não têm a força das figuras de 'O grande Lebowski', 'Onde os fracos não têm vez' ou 'Fargo'. Falta aquele senso de ritmo que criaria um clima absurdo. O único ator que quase salva o conjunto é o esquisito Mark Boone Junior.

O resultado é meia-bomba, algo que não poderia acontecer em uma obra com esse perfil pitoresco. Falta uma pegada mais agressiva. Tudo fica leve demais, no meio do caminho entre o nonsense e a simplicidade. Se o visual fosse mais econômico, talvez a ação fluisse melhor, mas o artificialismo não contribui com a narrativa costurada por coincidências improváveis e desencontros do acaso.

No fim das contas, 'Sem direito a resgate' vira um passatempo inofensivo, como uma tentativa de gourmetização da literatura pulp.

Observação:
Não confundir com 'Cake' (ainda inédito no Brasil, com estreia prevista para abril), que fez Jennifer Aniston ser indicada ao Globo de Ouro.

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