Comédia brasileira 'O casamento de Gorete' estreia em Belo Horizonte

O longa-metragem de estreia do diretor Paulo Vespúcio conta a história de uma radialista que cria um concurso só para escolher seu futuro marido

por Ailton Magioli 27/11/2014 09:00

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
Ricardo Roque/Divulgação
(foto: Ricardo Roque/Divulgação)
Há quase uma década buscando recursos para dirigir seu primeiro longa, o goiano Paulo Vespúcio, de 52 anos, encontrou na amiga Letícia Spiller a produtora ideal para o filme que estreia nesta quinta-feira em cerca de 100 salas, seis na Grande Belo Horizonte. “Só recebia pauladas”, recorda o diretor estreante. Potenciais patrocinadores dispensaram o projeto sob o argumento de que não compactuavam com a origem dos personagens da comédia 'O casamento de Gorete'.

Inspirado em personagem que habita principalmente os grandes centros, o filme narra o dilema de uma radialista que, ao receber ultimato do pai (à beira da morte) para se casar, resolve realizar um concurso em busca do marido. Rodrigo Sant’Anna (a radialista Gorete), Ataíde Acorverde (Marivalda, produtora dela) e Tadeu Melo (a fiel camareira Domitila) protagonizam o longa, que conta com a participação especial de Letícia Spiller como a drag Rochanna.



Ao abordar a temática do amor incondicional pelo ângulo da homossexualidade, Vespúcio sabia que corria risco de enfrentar preconceitos. “O filme fala sobre o amor puro, que as pessoas aceitam bem quando vem da mãe em relação ao filho. Um amor que respeita”, afirma, convidando as pessoas a exercitar o assunto no dia a dia. “Existe muito preconceito em relação ao amor e, no caso do filme, não há conotação sexual”, adverte o diretor, que faz de 'O casamento de Gorete' uma paródia dos contos de fadas, das histórias de príncipes e princesas. “Trata-se de uma comédia farsesca”, diz, em busca de uma classificação para o longa, que, ele garante, leva o público a rir e a chorar.

“É um filme absurdo, quase um desenho animado, de cores e traços fortes. Tudo nele é exagerado, beira às raias do absurdo. Fiz uma caricatura da realidade”, ele explica, lembrando que a censura liberou a produção para a faixa de 12 anos. “As crianças estão adorando”, afirma.

Inspirado na vida do radialista David Medeiros, o criador de Gorete em uma emissora de rádio de Rio Branco, no Acre, 'O casamento de Gorete' teve cada personagem especialmente desenhado para cada intérprete. No caso da drag Rocheanna, o diretor, que também assina o roteiro, chegou a pensar em um ator. “Ela é feminina mas tem uma energia muito masculina”, justifica Paulo Vespúcio. Ele acabou escolhendo a amiga Letícia Spiller, que aceitou o desafio. O maior problema na composição da personagem, segundo ele, foi encontrar a voz dela.

Ricardo Roque/Divulgação
Letícia Spiller na pele da drag Rochanna (foto: Ricardo Roque/Divulgação)
Salto alto
“A movimentação cênica também exigiu bastante ensaio, já que eu tinha que me encontrar à vontade dentro daquele universo com um salto de 40cm”, revela Letícia Spiller, que diz demorar pelo menos duas horas para montar Rochanna. Recentemente, a personagem participou de passeata GLBT em Copacabana, no Rio. “Primeiro de tudo, temos que fazer tranças no cabelo, para caber dentro da touca sobre a qual depois será colocada a peruca. A maquiagem começa pela base mais esbranquiçada na região dos olhos, depois colamos os swarovskis, colocamos os cílios, fazemos a boca e é colocada a peruca. Por ultimo vem a lente.”

Três perguntas para...
LETÍCIA SPILLER
Atriz e produtora

Vale a pena produzir cinema no Brasil?
Vale a pena poder produzir no seu país de origem e gerar trabalho para tantas pessoas. Fazer o que você gosta e falar do que achar importante também valem a pena.

Como avalia a experiência e por que resolveu aceitar o convite de Paulo Vespúcio?
Foi uma experiência muito rica em todos os sentidos, um grande aprendizado para mim como produtora de primeira viagem. Como não fazemos nada sozinhos, tive ajudas importantíssimas de profissionais excelentes, como a Alvarina de Souza, produtora e delegada, e o Adriano Lírio, produtor executivo. Fora as parcerias como a do Lucas Loureiro, fotógrafo do filme, que colaborou com equipamentos, e o próprio Paulo Vespúcio, que escreveu e dirigiu o filme e que é meu amigo há 20 anos. Aceitei o convite porque confio no trabalho dele desde sempre. Quando li o roteiro, me apaixonei. Achei a historia bem brasileira.

Chegou a temer em fazer a drag Rochanna diante da constante exposição em telenovelas?
Temer não, achei que seria um grande desafio. Como foi. Tenho ganhado bastantes elogios das drags e isso me deixa muito feliz, porque cheguei a questionar se seria capaz. Não queria fazer feio. E estar no ar com novela ('Boogie Oogie', da TV Globo), produzir o filme e ainda fazer a Rochanna era bastante coisa. Mas deu tudo certo, graças a Deus.

MAIS SOBRE CINEMA