'Não pare na pista – A melhor história de Paulo Coelho' segue rotina do cinema comercial: produções tecnicamente bem realizadas e história convencional. E, por isso mesmo, os destaques são os aspectos técnicos, a fotografia e a montagem eficientes, com a direção de arte dando pulsação envolvente ao primeiro terço do filme. Mas passado o impacto inicial, não consegue disfarçar uma história banal: a saga do menino que padece no purgatório da incompreensão, experimenta o inferno na juventude e na velhice chega ao paraíso. E que agora anda entediado com o sucesso e buscando novos desafios.
É a partir do segundo terço do filme que as limitações de forma e conteúdo se revelam, levando à evidência de que habilidade técnica não consegue fazer brilhar história opaca. Pode até fazer com que o espectador se distraia, mas não criar empatia que resulte pelo menos em boa diversão.
Irônico, mesmo, é ver a luta para conciliar o ontem e hoje do escritor, o mago filiado à ordem de Telêmaco, criada pelo bruxo Aliester Crowley, guru dos satanistas dos anos 1960, que agora renasce como católico – o que, segundo o filme, ele sempre foi. Ou o roqueiro que pregou a sociedade alternativa eleito membro da Academia Brasileira de Letras. O divertido não é a mudança de posição, o que faz parte da vida, mas é a batalha para agradar a todos, já que privilegiar ou desqualificar qualquer destes públicos pode ter ecos no fantástico mercado do autor. Não pare na pista deixa a suspeita de ser apenas um extenso videoclipe, fazendo merchadising dos livros Diário de uma Mago (1987) e O alquimista (1988), como a chamar as comemorações antecipadas dos 30 anos de seus lançamentos.
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Da soma da pirotecnia visual com a narrativa fundada sobre clichês, o que se torna explícito é a superficialidade. Que em escala cinematográfica muitas vezes leva ao caricatural, como no último terço do filme, e até atinge as interpretações que flutuam com bons momentos e outros também artificiais. Apenas o segmento dedicado à infância e início da juventude revelam momentos fortes.
Irônico, mesmo, é ver a luta para conciliar o ontem e hoje do escritor, o mago filiado à ordem de Telêmaco, criada pelo bruxo Aliester Crowley, guru dos satanistas dos anos 1960, que agora renasce como católico – o que, segundo o filme, ele sempre foi. Ou o roqueiro que pregou a sociedade alternativa eleito membro da Academia Brasileira de Letras. O divertido não é a mudança de posição, o que faz parte da vida, mas é a batalha para agradar a todos, já que privilegiar ou desqualificar qualquer destes públicos pode ter ecos no fantástico mercado do autor. Não pare na pista deixa a suspeita de ser apenas um extenso videoclipe, fazendo merchadising dos livros Diário de uma Mago (1987) e O alquimista (1988), como a chamar as comemorações antecipadas dos 30 anos de seus lançamentos.
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