'O ultimo amor de Mr. Morgan' conta cmo muito talento e pouca emoção

Apesar da boa atuação de Michael Caine, filme peca por ser raso demais

por Fernanda Machado 04/07/2014 09:16

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Tucuman Filmes/Divulgação
Michael Caine interpreta um pai arrogante que não conseguiu amar seus filhos (foto: Tucuman Filmes/Divulgação)
Michael Caine é “o” cara. A frase diz praticamente tudo sobre O último amor de Mr. Morgan. No papel de Matthew Morgan, a atuação do ator é o melhor que há no longa dirigido pela alemã Sandra Nettelbeck. A história é uma grande lavação de roupa suja familiar. Caine é o patriarca que vive solitário em Paris, depois da morte da esposa. Tipo arrogante, recusou-se a aprender francês e vive na capital do país como se fosse nos Estados Unidos, sem se importar se é entendido ou não.


Atravessando um luto interminável, ele permanece na cidade já que essa era a vontade da mulher. É uma vida vazia. A diretora abusa de silêncios, lentos planos sequência e, com isso, consegue dar a ideia do quanto as coisas já não têm mais sentido para aquele homem. Permanece assim até conhecer a jovem professora de dança Pauline (Clémence Poésy). A fragilidade do roteiro está no desenrolar dessa trama e na complexa mistura de sentimentos que maneja.

Primeiro que a empatia entre os dois aparece de forma mágica. Uma trombada dentro do ônibus, ela é gentil com o homem mais velho e só isso basta para fazer com que ele a persiga. Logo, estará frequentando as aulas de dança da garota e nasce entre eles uma amizade fraterna. Aquela coisa: Morgan é para Pauline o pai que ela não teve e, por sua vez, Pauline é a filha que Morgan sempre quis ter.

A situação ganha pitadas de melodrama quando o protagonista tenta suicídio, ocasião que insere na trama os dois filhos dele. Ciúme e muita, muita mágoa aparecem na história. É quando Morgan revela o quanto não conseguiu criar afeto pelos próprios herdeiros. Cercado de instabilidades emocionais de todos os lados, Michael Caine nada de braçada. Surge aí um descompasso em relação aos mais jovens, principalmente com Justin Kirk, como Milos Morgan.

O último amor de Mr. Morgan se embaralha ao colocar tantos temas na linha de frente e não se aprofundar em nada. É um filme sobre solidão, amizade, admiração, maturidade e amor, ao mesmo tempo em que fala sobre a relação entre pais e filhos, o passado e as mágoas. Mesmo colocando na mesa questões tão pesadas do ponto de vista psicológico, o modo frio como o filme se aproxima delas resulta em um trabalho centrado no talento individual de um ator, mas que, no todo, é desprovido de emoção.

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