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É mérito dele fazer de Gravidade um marco no momento de transição pelo qual o cinema tem passado. É uma questão de avanço de linguagem. O modo como escolheu contar a história de uma astronauta perdida no espaço é original: a câmera sem gravidade transmitindo sensações ao espectador sem perder a mensagem que quer passar.
Por outro lado, Steve McQueen, diretor de 12 anos de escravidão, é forte concorrente. Filme após filme, o cinesta britânico tem deixado cada vez mais claro seu estilo. É econômico nas palavras e partidário da sutileza. Já foi assim em Shame (2011), sobre um homem viciado em sexo, e faz o mesmo – com intensidade maior – no filme que concorre este ano. Se o longa consegue ser um relato frio de um momento histórico de tamanha relevância, tal distanciamento é obra do diretor.
Cuarón e McQueen polarizam a disputa, mas os azarões rondam a categoria. A fama repentina e a supervalorização de David O. Russell (Trapaça) sempre podem surpreender. Além dele, há veteranos do peso de Martin Scorsese (O Lobo de Wall Street) e Alexander Payne (Nebraska) no páreo. Quem, lamentavelmente, ficou de fora foi Spike Jonze (Ela). Coisas do Oscar.