'Cine Holliúdy' resgata a inocência da comédia brasileira e conquista público e crítica

No longa o tricampeão brasileiro de tae-kwon-do Edmilson Filho é Francisgleydisson, um cara que luta pelo cinema; filme será exibido no 10º World Film Festival of Bangkok e estreia em BH este fim de semana

por Gracie Santos 15/11/2013 00:13

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Downtown Filmes/Divulgação
Edmilson Filho estrela Cine Holliúdy, comédia brasileira falada em cereansês que vai ganhar continuação (foto: Downtown Filmes/Divulgação)
Deixa de lerowhite. Tá se sentindo amufinado, numa vontade louca de pegar o beco? Seus problemas acabaram. Assista a um filme joiado, 'Cine Holliúdy', e se divirta. Tá certo, às vezes, eles falam como quem tá com a macaúba na boca. Difícil entender. Dizem que é o tal cearensês. Tem até legenda em português, mas ela ajuda pouco, faltam algumas “traduções”. Se avexe não, dá uma olhada no glossário abaixo. Deixa de ser pirangueiro, pois, com um pouco de esforço, dá para chegar ao fim compreendendo tudo. No começo, vai parecer que a história é do tempo em que King Kong era Soim. Nem tanto, passa-se nos anos 1970, exatamente quando a TV começou a chegar ao interior do Ceará, ameaçando fechar as salas de cinema. E fechou, a estatística desanimadora está lá (não conto, vai e vê).

 

Confira horários e salas de exibição de 'Cine Holliúdy' em BH!

O filme tem um herói disposto a tudo para vencer a guerra da tela grande contra a pequena. É Francisgleydisson, um macho réi com criatividade e humor de sobra, sem falar na força de vontade e determinação. Mais: para consolo dos macho, 'Cine Holliúdy' tem também uma ispilicute e personagens que adoram uma mão de pêia. E ainda uma galera que gosta de se amostrar, principalmente os políticos. Não seja abestado, confere.

 

Veja mais fotos de 'Cine Holliúdy'!

Se o incompreensível cearensês garante boas risadas aos brasileiros, imagine a confusão que vai causar na Tailândia, onde o longa de Halder Gomes será exibido no 10º World Film Festival of Bangkok (de 16 a 24 deste mês). A comédia estreou na terra natal, percorreu cidades do Ceará e teve, no fim de semana de estreia (9 a 11 de agosto), a maior bilheteria do país em relação ao número de cópias, apenas nove. Somou quase 23 mil pessoas (média de 2.555 espectadores por cópia) e desbancou filmes como 'Wolverine – Imortal'. O longa foi o melhor filme na seleção do público do 7º Festival de Cinema Brasileiro de Toronto, no Canadá.

A explicação para o burburinho em torno de Cine Holliúdy é simples. O filme resgata a inocência perdida pela comédia brasileira, atualmente atrelada ao apelo fácil de humoristas do stand up comedy e de recursos da Globofilmes. O longa cearense corre em raia oposta, umas braçadas atrás de Mazzaropi ou Chaplin. Para alcançá-los, precisa, é verdade, de bastantes ajustes e de algum tempo. Tem desde piadas infantis a outras mais ousadas, como a do padre “seduzido” pela confissão da garota bonita. Carrega também algum romantismo e nostalgia. O que é kitsch pode ou não ser proposital. E pode ser que a falta de recursos e alguns problemas de montagem tenham contribuído para tornar o tosco confuso e engraçado.

Mas a força de 'Cine Holliúdy' reside mesmo no personagem central, Francisgleydisson. Edmilson Filho tem carisma, é engraçado por natureza, sem falar nas suas inegáveis habilidades em luta marcial. Afinal, o cara é tricampeão brasileiro de tae-kwon-do. Outro ponto positivo é o contraste da perfeição de movimentos dele com o amadorismo que impera na telinha do Cine Holliúdy (sala de exbição em Pacatuba). O diretor Halder Gomes já anunciou novas aventuras para Francisgleydisson. Que venham!

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Curta que cresceu


O longa é inspirado no curta 'Cine Holliúdy – O astista contra o caba do mal', de 2004, exibido em 80 festivais de 20 países e vencedor de 42 prêmios. “Os críticos me animaram, disseram que eu tinha que fazer um longa e, realmente, havia muito material para isso”, confessou Halder Gomes. Cearense formado em administração de empresas, o diretor começou no cinema como dublê de luta em Los Angeles (EUA). Coproduziu Bezerra de Menezes – O diário de um espírito (2008), produziu Área Q (2011) e dirigiu The morgue (2008) e As mães de Chico Xavier (2011).

PEQUENO GLOSSÁRIO DE CINE HOLLIÚDY

. Abestado – Apalermado, imbecil, pessoa que não entende de nada.
. Amufinado – Murcho, triste, sem vontade pra nada.
. Do tempo que o King Kong era Soim – Algo muito antigo.
. Ispilicute – Do inglês “she’s
pretty cute”: engraçadinha, mulher faceira.
. Joiado – Algo muito bom, bacana.
. Lerowhite – Lero, lero, em inglês, quer dizer, em cearensês.
. Macho ou macho réi – Cara, amigo.
. Mão de pêia – Cobrir de porrada.
. Pegar o bêco – Sair fora.
. Pirangueiro – Sujeito folgado que quer tudo de graça.
. Se amostrar – Se exibir para os outros.
. Tira a macaúba da boca! – Quando alguém fala de forma ininteligível, você diz isso para ela.
(Fonte: https://auroradecinema.wordpress.com)

Assista ao trailer de 'Cine Holliúdy'


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