8ª Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP) se encerra nesta segunda

Festival reuniu representantes de 66 arquivos cinematográficos para discutir a importância de preservação do cinema brasileiro

por Walter Sebastião 17/06/2013 06:00

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Leo Lara/divulgação
CineOP montou sala de cinema ao ar livre no Centro Histórico de Ouro Preto (foto: Leo Lara/divulgação )
Ouro Preto
– “A consciência da preservação da memória começa em casa, com atenção ao álbum de fotografias da família. É o ponto de partida para entender a importância dos registros para a vida da gente e a necessidade de cuidar deles”, afirma Raquel Hallak, criadora da 8ª Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), que será encerrada nesta segunda-feira.

O evento reuniu representantes de 66 arquivos cinematográficos para discutir a importância de preservar acervos audiovisuais do país. A CineOP apresenta também ao público – inclusive em praça pública – novas fitas e tesouros do passado. Raquel Hallak não culpa ninguém pela falta de atenção à proteção da memória social e cultural, ainda que suspeite que na raiz da questão esteja a falta de “sentimento patriótico” e de afeto com as coisas do Brasil. Ela própria só se deparou com a questão ao não encontrar filmes quando quis homenagear diretores veteranos no Festival de Tiradentes. “Nem os cineastas sabiam onde e em que situação estava o seu trabalho. Então, veio a ideia de discutir o problema por meio da CineOP”, recorda.

Houve avanços nos últimos tempos: a criação da Associação Brasileira de Preservação de Arquivos (ABPA); diretores e produtores atentos à recuperação e cuidados com filmes; e documentos explicitando as reivindicações do setor. “Falta política descentralizada do governo federal, reconhecendo que existem arquivos e acervos cinematográficos em todo o Brasil. Eles são fundamentais por evitar a concentração de coleções em um único lugar, o que traz grandes perdas em caso de acidente”, acrescenta Raquel.

Minas Gerais tem 853 municípios, mas só 60 contam com salas de cinema. Há dois arquivos no estado: o Arquivo Público Mineiro e o Centro de Referência Audiovisual (Crav), que funcionam em Belo Horizonte. Pedro de Brito Soares, diretor de Conservação de Documentos do Arquivo Público Mineiro, diz que o acervo da instituição guarda obras realizadas entre 1930 e 1970. Basicamente, cinejornais e documentação institucional, além de cópias dos trabalhos viabilizados pelo edital Filme Minas.

O Arquivo Público Mineiro avalia a ampliação de seu acervo por meio da incorporação dos espólios das produtoras Minas Filmes e Panta Filme. “Elas filmaram de tudo em Minas Gerais, trabalharam por longo período”, explica Pedro Soares, preocupado com as notícias sobre situação precária do acervo da Minas Filmes. “Já perdemos muito e não podemos perder mais”, ressalta.

Convidado A 8ª CineOP teve convidado especial: o brasiliense Gustavo Igor Lopes de Jesus, de 13 anos. Interessado na música de Carmen Miranda, Mário Reis e Francisco Alves, o garoto conheceu filmes antigos com seus ídolos e ficou intrigado com as histórias que ouviu sobre fitas antigas perdidas. Ligou para Alice Gonzaga, proprietária da Cinédia, e virou protegido dela.

“Quem sabe, algum dia, posso encontrar trechos de filmes perdidos?”, sonha o menino, que planeja ser pesquisador.


*O repórter viajou a convite da CineOP


Curto Circuito/divulgação
(foto: Curto Circuito/divulgação)
TESOURO MINEIRO

Um exemplo de raridades importantes que podem – e devem – ser recuperadas ficará em cartaz em BH. Dia 24, às 20h, na Sala Humberto Mauro do Palácio das Artes, será exibido o filme 'Tostão, a fera de ouro' (1970, foto), dirigido por Paulo Laender e Ricardo Gomes Leite, com trilha sonora de Milton Nascimento. A cópia nova e restaurada é trabalho de Cristiana Miranda, fotógrafa e cineasta. “Estão ali jogadas belíssimas e momento glorioso da Seleção Brasileira. Naqueles tempos, jogador não era ídolo pop”, conta a restauradora, comparando dois ídolos: Tostão e Neymar.

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