Policial 'Wara no tate' é o primeiro filme vaiado no Festival de Cannes este ano

Longa começa bem mas termina mal, e críticas são centradas na falta de qualidade da obra

21/05/2013 09:17

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Eric Gaillard/Reuters
(foto: Eric Gaillard/Reuters)
O diretor japonês Takashi Miike ('Ichi the killer', '13 assassinos') adora chocar o público com cenas sangrentas. Mas seu novo filme, 'Wara no tate' ('Escudo de palha'), exibido ontem em Cannes, tornou-se o primeiro longa da competição vaiado na edição 2013 do festival não pela violência, e sim pela qualidade.

O épico policial filmado no Japão e em Taiwan é uma espécie de versão oriental de filmes como 'Os indomáveis' (2007) ou 'O preço de um resgate' (1996), mesmo sendo baseado no livro de Kazuhiro Kiuchi: um bilionário oferece US$ 10 milhões para quem matar o assassino de sua neta, sob custódia da polícia – que precisa transportar o criminoso de uma cidade ao Norte para Tóquio.

Apesar de o Japão ser um país minúsculo, Miike transforma a viagem do interior para a capital em uma jornada impossível de ser aceita. Começa pelo mecânico que sabota um avião para matar o assassino (e todo mundo a bordo?), passa por um mendigo que ameaça matar uma menina para esfaquear o matador de meninas (!?) e termina nas decisões da própria polícia, que oficializa a execução.

O cineasta poderia ter diminuído o desconforto das impossibilidades com cenas de ação de tirar o fôlego, mas a única que existe em grande escala é no início da perseguição, quando um caminhão de nitroglicerina explode perto do ônibus da polícia que leva o assassino – neste momento, a imprensa presente à primeira sessão da produção em Cannes aplaudiu com entusiasmo.

Daí para o fim, o filme cai assustadoramente e os defeitos ficam mais claros: os policiais são estereótipos (um perdeu a mulher em caso parecido, já sua parceira é uma mulher durona em busca de promoção) e a trama nunca pensa nas consequências dos atos dos personagens em busca de assassinar o criminoso. Afinal, o que adianta ficar rico dentro de uma prisão?

Bertolucci não vai se aposentar

Aos 73 anos, o diretor italiano Bernardo Bertolucci poderia ficar em Roma, "recluso", como gosta de se definir. Ao longo dos anos, construiu clássicos como 'O conformista' (1970), 'O último tango em Paris' (1972), obras cultuadas por gerações diferentes ('Beleza roubada' e 'Os sonhadores') e ganhou o Oscar de melhor filme por 'O último imperador' (1987).


Além de não precisar provar mais nada, o cineasta teve problemas com uma cirurgia (que virou três) de hérnia, em 2000, e hoje não consegue mais ficar em pé – usa uma cadeira de rodas para se locomover. Mas, antes de lançar 'Eu e você', no ano passado, em Cannes, decidiu não deixar o problema tirar sua paixão pelo cinema. Agora, retorna a Cannes para exibir uma versão em 3D de 'O último imperador'. "Adoro contaminação, quando dão vida a algo novo”, avisa.

 

Depois de anos em depressão por causa dos problemas da perna, ele não pensa em parar e já prepara novo projeto. "Nunca pensei em me aposentar. Ainda tenho muito o que fazer pelo cinema. Estou lapidando a ideia do meu próximo filme. Por um tempo, me fechei na minha solidão, como o protagonista de 'Eu e você', no porão. Mas já passou. Ainda acho que me conecto bem com a juventude e sei representá-la", afirmou

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