Sete adolescentes brasileiros filmaram os empregados que trabalham em suas casas (seis mulheres e um homem). São eles os personagens de Doméstica, documentário do pernambucano cineasta Gabriel Mascaro, de 29 anos. Estão em cena, por exemplo, uma doméstica que foi criada com a dona da casa; a que virou uma espécie de gerente da casa; a que cria a filha junto com a patroa; a que comemora o shabat pela primeira vez com a família judaica; e até a que tem uma babá.
O diretor já disse, em entrevista, que nunca havia parado para pensar no trabalho doméstico até que sua mulher inglesa disse que eles não teriam uma babá em casa quando o bebê nascesse. Incomodado, ele decidiu fazer o filme. O documentário faz retrato da situação da servidão e da patronagem no Brasil. Mascaro conta que se interessou pelo silêncio da doméstica quando perguntam se ela é livre. E na “tentativa do patrão em demonstrar a cordialidade. É quando a perversão se mostra. O filme é perverso", avisa.
O longa, de acordo com os realizadores, mostra a complexidade da relação entre trabalho e afeto no cotidiano do emprego doméstico. O filme lança um olhar contemporâneo sobre o trabalho doméstico no ambiente familiar e se transforma num potente ensaio sobre afeto e trabalho.