'Uma história de amor e fúria' reconta a trajetória do Brasil desde o descobrimento, sempre em tom crítico

O roteirista Luiz Bolognesi estreia como diretor em longa-metragem de animação

por Walter Sebastião 05/04/2013 08:00

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Europa Filmes/Divulgação
(foto: Europa Filmes/Divulgação)
A produção de longas de animação no Brasil é ainda pequena. Cada filme acaba sendo abertura de uma nova possibilidade. 'Wood&Stock', de Otto Guerra, mostrou estética independente em filme hilário sobre cultura pop. 'O garoto cósmico', de Alê Abreu, trouxe fábula com crítica bem-humorada à massificação. 'O grilo feliz', de Walbecyr Ribas, afirma fidelidade, ética e poética, ao fantástico e às crianças. Agora é a vez de 'Uma história de amor e fúria', de Luiz Bolognesi, obra para jovens e adultos. Como todos os longas, chama atenção o interesse por apostar em histórias que têm conteúdo e sabedoria para driblar os limites econômicos e tecnológicos postos à animação no Brasil.

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'Uma história de amor e fúria', articulando história do Brasil e mitos indígenas, coloca na tela tensão que é sempre rica: a do filme de amor ambientado em tempos de guerra. Apresenta encontro de um homem e uma mulher que se amam, em quatro épocas diferentes, no longo arco de tempo que vai de 1566 a 2096. E sempre às voltas com o mesmo drama, são levados à luta contra forças repressivas postas a serviço da manutenção da desigualdade social. O filme, com imagens fortes (de tortura, mas também de abuso sexual) discute versão “heroica” de fatos.

É animação feita com técnicas tradicionais, com imagens bonitas (especialmente quando mostra vistas panorâmicas), que reforçam a narrativa. Movidas por boa montagem e trilha sonora, elementos que contribuem para o tom dramático do filme. O resultado é produção envolvente, que procura a emoção e trabalha também algum distanciamento. Este vem especialmente dos cortes que fazem mudança de época. A boa integração dos elementos cinematográficos em 'Uma história de amor e fúria' não indica só perícia técnica. Revela cineasta caprichoso, com compreensão apurada do cinema, que, para sua estreia na direção, escolheu deliberadamente projeto arrojado.

O impacto do filme vem também por apresentar, de forma bem resolvida, questões densas com linguagem praticamente pop. Exatamente pela ousadia da proposta, deixa algum incômodo o último episódio – o futurista. Estão nele algumas das imagens mais bonitas do filme, mas a trama soa artificial. Um dos problemas é a repetição de que o Brasil foi e sempre será o mesmo. É lugar-comum que podia ser resolvido com a arma mais criativa dos desenhos animados: a imaginação.

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