Conteúdo político e social dão tom ao filme alemão 'Bárbara'

Apesar de não ter ficado entre os cinco finalistas a concorrer ao Oscar 2013, Nina Hoss protagoniza impecavelmente

por Ailton Magioli 01/03/2013 08:30

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Pandora filmes/Divulgação
(foto: Pandora filmes/Divulgação)
Qualquer relação entre o significado do nome da personagem e suas atitudes não será mera coincidência. 'Bárbara, que vem do grego, bárbaros, significa estrangeira, forasteira ou estranha. Situação literalmente vivida pela médica pediatra interpretada pela atriz Nina Hoss no longa-metragem homônimo, do alemão Christian Petzold.

Prêmio de Melhor Diretor do Festival de Berlim 2012, o drama da guerra fria narra a trajetória da mulher que, ao tentar fugir da Berlim Oriental (comunista), em plena década de 1980, é punida, e passa a prestar serviços em uma pequena cidade no interior.

Perseguida e vigiada pela polícia repressora do regime (Stasi), Bárbara esconde um segredo que intriga espectadores e os que a rodeiam, inclusive o colega de trabalho André (Ronald Zehrfeld).

Selecionado para representar a Alemanha no Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, o longa de Christian Petzold acabou não ficando entre os cinco finalistas ao prêmio, entregue no domingo ao longa austríaco 'Amor'. Mas a promissora carreira de 'Bárbara' segue de vento em popa diante da boa aceitação de crítica e público.

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Além de história tremendamente bem-amarrada e da atuação estupenda da protagonista, o filme tem dois aspectos fundamentais para o desenrolar perfeito da trama: a ausência de trilha sonora, restrita às cenas em que Bárbara exercita-se no velho piano do apartamento em que mora, na cidadezinha, e os tons gris e pastéis da fotografia são responsáveis por fixar a atenção do espectador da primeira à última (desconcertante) cena. 

Pequenos detalhes como a peça clássica que toca no rádio ou a referência ao quadro 'A aula de anatomia do dr. Tulp', de Rembrandt, acabam contribuindo para fazer a diferença no filme, em que cada encontro da personagem com o amante, na floresta, só aumenta a expectativa em relação à trama, entremeada de silêncios e ruídos de vento.

À medida que se aprofunda na relação com a pequena comunidade, a médica se envolve com André, o companheiro de trabalho cuja companhia vai além da carona de volta para casa. Entre a gravidez de uma jovem paciente e a tentativa de suicídio de outro, Bárbara sente-se cada dia mais distante da felicidade naquele lugar.

A narrativa contida, densa e distanciada acompanha a personagem, que, sob clima de tensão, opressão e medo, não consegue se desfazer da máscara que parece ter vestido desde que lá chegou.

Autor de um cinema de forte conteúdo social e político, Christian Petzold faz a sua quarta parceria com a atriz Nina Hoss. Anteriormente, eles haviam trabalhado juntos em 'Wolfsburg' (2003), 'Yella' (2007) e 'Jerichow' (2008).

Assista o trailer de 'Bárbara':


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