Produção cinematográfica do país tem orçamento recorde

Custo de filmes nacionais supera a barreira dos R$ 10 milhões, segundo dados da Ancine

por Agência Estado 30/01/2013 15:49

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Divulgação / Imovision
Produção 'Amazônia - planeta verde' - Produção orçada em 26 milhões de reais (foto: Divulgação / Imovision)
A carestia chegou ao cinema brasileiro. Nunca antes na história desse país foi tão caro fazer um filme. Ficou nostálgico aquele período da retomada em que se faziam filmes com o chamado BO (Baixo Orçamento, quantias até R$ 1 milhão). Filmes médios nacionais têm hoje um custo de produção em torno de R$ 5 milhões.

E a aceleração de preços é evidente e assombrosa. O longa-metragem de direção coletiva 'Rio, eu te amo', da Conspiração Filmes, custaria R$ 10 milhões em 2011, segundo informação na época do então presidente da RioFilme, Sérgio Sá Leitão. Mas chega a 2013 estimando custar quase o dobro: R$ 19 milhões. É uma produção ambiciosa, 10 histórias filmadas por diretores distintos, nos moldes das franquia iniciada com 'Paris je t’aime', seguida por 'New York, I love you'.

O filme que vai representar o Brasil no 63.º Festival de Berlim, em 7 de fevereiro, por exemplo, é 'Flores raras', de Bruno Barreto, que custou R$ 13 milhões. Tem atrizes estrangeiras no elenco (a australiana Miranda Otto e a americana Tracy Middendorf, além da brasileira Glória Pires).

Segundo a produtora do filme, Lucy Barreto, que acalenta o projeto desde os anos 1990, as despesas de produção subiram "absurdamente", e há diversas explicações. Uma delas seria a incompreensão em relação ao papel do cinema como disseminador de cultura. "Eu quero colocar música no filme, mas você não tem ideia dos preços. Querem fortunas para ceder uma música, e ainda apresentam os preços em dólar. Poderiam facilitar essas cessões, porque é assim no mundo todo. Os americanos, por exemplo, sabem que o cinema vende o país deles pelo mundo, e toda a cultura deles, por extensão."

"Os nossos orçamentos estão quase o dobro dos argentinos e dos chilenos e mais caro do que os dos espanhóis. Daqui a pouco vai ficar mais barato pegar a equipe em Buenos Aires do que aqui. Fica quase impossível", lamenta Lucy.

Segundo Manoel Rangel, presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine), a elevação de custos está em consonância com a realidade geral do País, na qual os salários cresceram e há uma escassez de mão de obra especializada. "Mas o orçamento médio ainda gira em torno de R$ 4, R$ 5 milhões", analisa Manoel Rangel. "Não diria que há uma tendência, mas é fato que os orçamentos estão mais caros", diz o dirigente, explicando que o Estado brasileiro nunca põe mais de R$ 7 milhões num filme, é o teto estabelecido pela lei. Ainda assim, é possível que o filme consiga mais recursos públicos, em editais. Há também mais coproduções internacionais.

O mais caro dos filmes em produção, 'Amazônia, planeta verde', chegou ao histórico patamar de R$ 26 milhões (mas, desse total, R$ 22 milhões são de outras fontes que não o Estado brasileiro). Outra coprodução milionária com a França é 'Vermelho Brasil' (Rouge Brésil), segundo da lista dos mais caros a caminho, com R$ 19 milhões. Trata-se de um longa que também será minissérie de cinco capítulos para ser exibida na Rede Globo e numa emissora francesa. O projeto envolve Conspiração Filmes, Globo Filmes e Riofilme, além da produtora francesa Pampa Films.

OS DEZ MAIS CAROS

Dados de 2012 em valor aproximado, fornecidos pela Ancine

'Amazônia - planeta verde' - R$ 26 milhões

'Vermelho Brasil' (TV) - R$ 19 milhões

'Circo místico' - R$ 16 milhões

'Cidade maravilhosa' - R$ 14 milhões

'O tempo e o vento' - R$ 13 milhões

'Flores raras e banalíssimas' - R$ 13 milhões

'Nó na garganta' - R$ 13 milhões

'O peregrino - a melhor história de Paulo Coelho' - R$ 12 milhões

'Malês' - R$ 12 milhões

'Sequestrados' - R$ 12 milhões

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