Seminário em Tiradentes debate produção de filmes fora do eixo RJ-SP e novas estéticas

Em um dos debates mais concorridas da mostra, cineastas e críticos falaram sobre cinema fora do eixo-Rio São Paulo e também sobre novas estéticas

25/01/2013 17:35

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Maíra Cabral / Portal Uai
Com participação de cineastas e críticos, seminário discutiu produção do cinema brasileiro na última década e abordou produções fora do eixo Rio - São Paulo (foto: Maíra Cabral / Portal Uai)
A sexta-feira na Mostra de Tiradentes foi marcada, além da exibição de longas e curtas, pelo debate ‘Fora do Centro – Estilos cinematográficos’, que discutiu a produção de cinema brasileiro nos últimos 10 anos. Mediado pelo crítico de cinema Cleber Eduardo e com a presença dos cineastas Sérgio Borges, Marcelo Ikeda e Adirley Queirós e dos críticos Ismail Xavier, Jean-Claud Bernadet e João Luiz Vieira, o debate ainda colocou em foco a produção fora do eixo Rio – São Paulo e suas particularidades.

O tema do seminário foi um grande atrativo para o público da mostra, que lotou o teatro do Centro Cultural Yves Alves e ainda se alojou em um espaço na parte de fora da sala, assistindo ao debate por vídeo. O motivo provavelmente foi a exibição cada vez mais comum, em Tiradentes e em outros festivais de cinema brasileiros, de filmes que não representam a estética normativa do cinema, com uma história, uma narrativa fechada. A produção contemporânea tem se apegado cada vez mais a conceitos menos engessados, com uma ausência de linearidade ou da própria narrativa em si.

“Eu tenho a convicção de que estamos vivendo um momento muito singular do cinema brasileiro. Somos testemunhas do surgimento e amadurecimento de uma geração. Cresceu o numero de produções sendo realizadas. E cresceu também as possibilidades estéticas”, apontou Marcelo Ikeda, falando sobre a produção cinematográfica brasileira dos últimos anos. Para os participantes da mesa, essa geração possui tanto uma facilidade para produzir, em termos técnicos – graças às novas tecnologias – quanto em relação aos novos olhares, vindos principalmente da vivencia de cursos universitários de cinema e das relações e laços criados no meio acadêmico e também no próprio circuito de festivais.

Esse novo olhar observado nos filmes atuais vem, de acordo com a mesa de debate, de uma vontade de se libertar de padrões pré-estabelecidos. “Com relação a estilo e forma, a gente percebe esse desejo de cinema, um sonho, de materializar um certo desapego com esse padrão normativo do cinema industrial. Uma ousadia performática, em termos absolutamente genéricos”, diz João Luiz Vieira. Já para Sergio Borges, esse novo jeito de fazer cinema se deu por uma urgência de expressão. “Acho que é uma sede de falar alguma coisa que não seja necessariamente exprimida por palavras. Algo que seja anterior a nossa elaboração estética atual”, afirma.

FORA DO CENTRO

Outro assunto abordado no seminário foi a descentralização da produção cinematográfica no Brasil, tema também bastante pertinente, visto que mais de 65% dos filmes exibidos na edição deste ano da Mostra de Tiradentes são do nordeste ou de Minas Gerais. “Sonhos podem ser realizados fora de uma hegemonia estética, fora de uma hegemonia centralizada geograficamente. A mostra é um exemplo disso. Aqui temos uma produção que vem de vários estados e que buscam, principalmente, uma reciclagem estética”, lembra João Luiz Vieira.

No entanto, o ponto central da discussão foi a dificuldade que os filmes produzidos fora do eixo Rio-São Paulo tinham de se tornarem nacionais, muitas vezes por se aterem ao universo regional de suas cidades de origem. “Centro geográfico não é necessariamente o que define a produção normativa, mas sim uma questão de estética”, apontou Marcelo Ikeda.

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