''No representa todo o continente'', afirma produtor criado em BH que trabalhou em filme indicado ao Oscar

Daniel Dreifuss trocou capital mineira por Los Angeles e se envolveu no projeto chileno que rendeu candidatura ao prêmio

por Gracie Santos Carolina Braga 11/01/2013 12:17

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.

Sony Pictures Classics/Divulgação
Longa estrelado por Gael García Bernal aborda movimento popular contra regime de Pinochet (foto: Sony Pictures Classics/Divulgação)
Ilya S. Savenok/Getty Images/AFP
"No fala sobre a liberdade mas não é um filme pra baixo", descreve o produtor (foto: Ilya S. Savenok/Getty Images/AFP)
Foi enrolado em um cobertor, ao lado da mãe, que o produtor Daniel Dreifuss recebeu a notícia considerada como improvável até a manhã de ontem. “Na hora que começaram a anunciar, fui procurar o celular para tirar uma foto da tela e perdi o resto dos concorrentes. Foi muito rápido”, diverte-se ao lembrar aquele que talvez seja o grande momento da carreira até agora. Representante do Chile, No, longa produzido por ele, dirigido por Pablo Larraín e com Gael García Bernal no elenco, desbancou produções do naipe de Intocáveis, de Olivier Nakache e Eric Toledano, e Dupa dealuri, do romeno Cristian Mungiu. É a primeira vez que um filme chileno conquista lugar entre os cinco indicados na categoria.

Daniel Dreifuss, que trocou Belo Horizonte por Los Angeles no início dos anos 2000, para se dedicar à carreira profissional na indústria do cinema, não esconde a surpresa, apesar de assumir tom comedido. “Continuo achando que o Amor vai ganhar. Está indicado para melhor filme; é, de longe, o mais reconhecido”, aposta. Mesmo assim, os cinco escolhidos para a disputa revelam equilíbrio. São três representantes da Europa (Áustria, Dinamarca e Noruega), um canadense e o chileno, que abordam temas completamente diferentes. Tem desde amor na terceira idade, passando por ditadura latino-americana, estupro na adolescência, casos extraconjugais na realeza, até expedição épica no Oceano Pacífico. Para Daniel Dreifuss, o êxito de No se deve tanto pela qualidade do longa como também pelo prestígio internacional que vem acumulando desde sua estreia, na Quinzena dos Realizadores, em Cannes.

“O filme é bom, foi reconhecido por críticos ao longo do ano em vários lugares do mundo, trata de um momento muito atual da América Latina ao falar sobre o poder da mídia de promover mudanças. No representa todo o continente”, analisa. É um filme audacioso. Ao contar a história da campanha publicitária a favor do não no referendo convocado pelo ditador Augusto Pinochet, o longa de Pablo Larraín aborda a redemocratização do Chile, tema que é caro a várias nações vizinhas que também enfrentaram ditaduras nos anos 1980 de maneira inteligente e leve. “No fala sobre a liberdade mas não é um filme pra baixo. Tem muito humor e ironia. Acho que esses fatores fazem diferença”, opina.

Há quase 11 anos na meca do cinema internacional, Daniel nunca teve a oportunidade de estar em uma cerimônia do Oscar. Minutos depois de receber a notícia da indicação de No, preferiu não se empolgar. “Não sei como isso funciona. Os filmes estrangeiros são pequeninhos. De repente o cabeleireiro da Nicole Kidman tem mais direito do que eu”, brinca.

Os concorrentes

MELHOR FILME
Amor
Argo
Indomável sonhadora
Django livre
Os miseráveis
As aventuras de Pi
Lincoln
O lado bom da vida
A hora mais escura


MELHOR ATOR
Bradley Cooper (O lado bom da vida)
Daniel Day-Lewis (Lincoln)
Hugh Jackman (Os miseráveis)
Joaquin Phoenix (O mestre)
Denzel Washington (Flight)

MELHOR ATRIZ
Jessica Chastain (A hora mais escura)
Jennifer Lawrence (O lado bom da vida)
Emmanuelle Riva (Amor)
Quvenzhané Wallis (Indomável sonhadora)
Naomi Watts (O impossível)

ATOR COADJUVANTE
Alan Arkin (Argo)
Robert De Niro (O lado bom da vida)
Philip Seymour Hoffman (O mestre)
Tommy Lee Jones (Lincoln)
Christoph Waltz (Django livre)

ATRIZ COADJUVANTE
Amy Adams (O mestre)
Sally Field (Lincoln)
Anne Hathaway (Os miseráveis)
Helen Hunt (The Sessions)
Jacki Weaver (O lado bom da vida)

DIRETOR
Michael Haneke (Amor)
Ang Lee (As aventuras de Pi)
David O. Russell (O lado bom da vida)
Steven Spielberg (Lincoln)
Benh Zeitlin (Indomável sonhadora)

ROTEIRO ORIGINAL
Amor (2012): Michael Haneke
Django livre (2012): Quentin Tarantino
Flight (2012): John Gatins
Moonrise Kingdom (2012): Wes Anderson, Roman Coppola
A hora mais escura (2012): Mark Boal

 

ROTEIRO ADAPTADO
Argo (2012): Chris Terrio
Indomável sonhadora (2012): Lucy Alibar, Benh Zeitlin
As aventuras de Pi (2012): David Magee
Lincoln (2012): Tony Kushner
O lado bom da vida (2012): David O. Russell

ANIMAÇÃO
Valente (2012): Mark Andrews, Brenda Chapman
Frankenweenie (2012): Tim Burton
Para Norman (2012): Sam Fell, Chris Butler
Piratas pirados! (2012): Peter Lord
Detona Ralph (2012): Rich Moore

ESTRANGEIRO
Amor (2012)(Áustria)
Rebelle (2012)(Canadá)
No (2012/I) (Chile)
O amante da rainha (2012)(Dinamarca)
Kon-Tiki (2012)(Noruega)

 

Assista ao trailer de No:

 

MAIS SOBRE CINEMA