A animação brasileira 'Brichos 2 - A floresta é nossa' estreia em todo o Brasil

O longa-metragem chega de olho no crescimento do mercado. Para diretor, a hora é de profissionalismo

por Carolina Braga 29/12/2012 07:00

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 Tecnokena/Divulgação
Brichos 2 chega às telas com projeto profissional de lançamento e exploração de produtos agregados, como histórias em quadrinhos e games (foto: Tecnokena/Divulgação)

A estreia de Brichos 2 – A floresta é nossa em 29 salas espalhadas pelo Brasil é um número que não pode ser comparado com o padrão de chegada do cinema americano a solo tupiniquim. Ainda assim, o diretor paranaense Paulo Munhoz não esconde o otimismo em relação à campanha que o longa fará a partir deste final de semana. “Com o Brichos 1 nossa meta era conseguir fazer um longa-metragem em animação. Agora, minha expectativa é de que tenha sucesso comercial também”, diz.

Paulo garante que não aposta no vazio. “O novo filme é muito superior ao primeiro, em sentido técnico e estético. É bem mais elaborado, tem um controle mais fino entre cada plano e nomes de maior envergadura”, continua. Mesmo assim, ele reconhece que a competição é pesada. Longas de animação 100% brasileiros são fenômeno relativamente recente na cinematografia nacional. Mas para o espectador final isso não interessa. “Falamos em competição com Hollywood. A complicação está justamente nisso. Não interessa se o orçamento é de US$ 300 milhões ou R$ 1 milhão”, diz.

Mesmo que não consiga atingir todos os números dos estrangeiros, o importante é que a produção nacional avança a seu tempo. O grilo feliz, Brasil animado, 31 minutos e Brichos são exemplos recentes de projetos bem-sucedidos no cinema nacional. “O que ocorre é que o estúdio brasileiro tem que ter uma saída econômica que viabilize a produção”, explica. 

E haja criatividade. Para encarar um projeto de animação no Brasil ainda é preciso muita disposição. Incluindo a distribuição e o lançamento nessas 29 salas, Brichos 2 custou R$ 1,58 milhão. O longa contou com uma equipe de 60 pessoas, sendo 12 profissionais dedicados exclusivamente à animação.

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"Existem muitos talentos, mas ao mesmo tempo que há criatividade, há pouca disciplina. Não somos como os japoneses ou coreanos. Aqui, o animador pula de um projeto para outro", Paulo Munhoz, diretor. (foto: Tecnokena/Divulgação)
Como a demanda por animação tem crescido, segundo Paulo Munhoz, o mais difícil é segurar mão de obra qualificada. “Existem muitos talentos, mas ao mesmo tempo que há criatividade, há pouca disciplina. Não somos como os japoneses ou coreanos. Tem cara que fica 50 anos ali, por isso chega a um nível altíssimo de excelência. Aqui, o animador pula de um projeto para outro. Assim, o próprio traço não melhora”, critica.

Outro empecilho para o avanço da animação nacional, de acordo com Munhoz, é o baixo prestígio que o gênero tem com os críticos e também em festivais de cinema brasileiros. Só em 2012, o diretor acumulou exemplos disso. Ele bem que tentou inscrever Brichos 2 em eventos importantes do calendário audiovisual, mas foi recusado tanto pelo Festival de Brasília quanto no de Gramado. “Os críticos tratam mal a animação. O que falta é uma constância de projetos, o entendimento da complexidade que ela tem”, completa.

No exterior é outra história. Brichos 2 já circulou pelo Expotoons, da Argentina, Animpact, na Coreia do Sul, e também pelo Festival de Cuba, onde, inclusive, esteve em competição. “Aqui é um problema da academia, que vê a animação como um subproduto”, critica o diretor. 

TRANSMÍDIA

Apesar da dificuldade, os projetos em animação são sedutores tanto para quem faz quanto para quem recebe. As produções infantis são quase um guarda-chuva: com o filme vem uma variedade de produtos. Ou seja, eles são transmídia quase por natureza. Ao mesmo tempo em que o longa é lançado, livros vão para as prateleiras e até videogames surgem na parada. No caso de Brichos 2, foi praticamente uma escalada de novidades. 

Em março, bem antes da estreia nos cinemas, o roteiro foi disponibilizado como história em quadrinhos. No mês que vem, alguns dias depois da chegada do longa à telona, será a vez dos jogos para computador e celulares. Para o final de 2013 há, ainda, uma série para televisão com 11 capítulos. O filme nem bem estava finalizado e a mesma equipe já trabalhava na nova versão. 

Mesmo que as tramas sejam diferentes, todos os produtos de Brichos têm em comum a valorização da identidade brasileira. O conteúdo do filme, por exemplo, destaca temas caros à sociedade contemporânea, como é o caso da sustentabilidade. “Brichos é nacionalista por concepção. São os bichos basileiros na tela”, ressalta Munhoz. 

Na segunda parte dessa aventura, os habitantes da Vila dos Brichos correm o risco de perder a floresta para investidores terroristas internacionais. Armados de coragem, inteligência e bom humor, nossos heróis encaram o desafio de defendê-la. Um dos diferenciais da continuação atualmente em cartaz nos cinemas é a equipe de dubladores. Marcelo Tas aceitou de pronto o convite para emprestar a voz ao vilão Mr. Birdestroy. A equipe do mal tem outros reforços de peso. Os também malvados Al Corcova e Ratão são dublados respectivamente por Antônio e André Abujamra. 

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