O mineiro Cris Azzi acelera a produção de seu terceiro longa

'Cada dia uma vida inteira' tem previsão de lançamento entre março e abril de 2013

por Carolina Braga 22/12/2012 07:00

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Beto Magalhães/EM/D.A Press
Os atores Odilon Esteves e Samira Ávila conversam com o diretor Cris Azzi no set de 'Cada dia uma vida inteira' (foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press )

Depois de experiências em longas-metragens com a ficção Cinco frações de uma quase história (2007) e o documentário Sumidouro (2008), o diretor mineiro Cris Azzi pisou novamente em um set de filmagem com uma certeza: fazer um filme que pudesse ser visto por muita gente. Isso independentemente da plataforma escolhida pelo espectador, seja o cinema, a televisão e até mesmo uma tela de computador. Assim será Cada dia uma vida inteira, projeto previsto para ser lançado entre março e abril.

“Quero aproximar o público do filme. Não é um caminho único porque não é a forma ideal de exibição. Às vezes você recebe o link de uma coisa legal, mas vê um pedaço, ou a condição que tem em casa não é ideal, a velocidade também. Mas acho que é uma possibilidade”, defende Azzi. Se do ponto de vista da distribuição o longa-metragem será uma provocação, enquanto manifestação artística dá continuidade à pesquisa de linguagem do diretor. “O que me interessa é o cinema narrativo”, acrescenta. 

ORÇAMENTO CURTO

Rodado em Belo Horizonte em apenas nove dias, tempo recorde até mesmo para os padrões do cinema nacional, Cada dia uma vida inteira se passa uma semana antes do casamento de Rafa (Odilon Esteves) e Carol (Sara Antunes). A despedida de solteiro será especialmente definidora para ele. “O personagem do Rafael passa por uma semana que é o encontro com o fantasma dele. Está dentro do ‘abismo’ em que, de alguma forma, precisa afirmar a própria masculinidade”, detalha Cris. O argumento é uma criação do próprio diretor, que também assina o roteiro em parceria com Joana Oliveira.

Aprovado no Fundo Municipal de Cultura, Cada dia uma vida inteira está sendo realizado com R$ 79 mil. O orçamento reduzido cobrou mais criatividade da equipe. “Muitas das coisas foram simplificadas ou pensadas para ser mais práticas e ágeis. Esse foi o principal desafio: conseguir em pouco tempo ter um resultado legal”, comenta o fotógrafo Bruno Magalhães. O longa tem externas registradas na região da Savassi e também no Centro, especificamente nos corredores do Edifício Maletta.

Para Cris Azzi, a relação com os atores é o que tem sido mais marcante. “Vejo uma tendência de muitos amigos, de coisas boas que estão sendo produzidas, até mesmo o caminho da curadoria de alguns festivais, levando para uma coisa mais subjetiva, a mistura do documentário com ficção, mas é a relação humana que me move. Especialmente o processo do diretor com o ator”, comenta.

A importância desse momento para o diretor é nítida. A preparação de Odilon Esteves para viver Rafael, por exemplo, começou em maio. Logo depois, Sara Antunes entrou no filme e também começou a ensaiar, conversar e propor questões ao diretor. “Começamos a fazer encontros de improvisação. O Cris explicava mais ou menos uma situação do roteiro e tínhamos muita liberdade. A partir disso, foi reescrevendo as cenas”, conta Odilon. 

COLABORATIVO

No set, enquanto orienta os atores, Cris é afetivo e muito íntimo. “O processo é que permite esse tipo de relação. A não ser um caso extremo, eu aposto no afeto. Quero proporcionar um lugar confortável para que a coisa aconteça”, explica. Cada dia uma vida inteira é o quinto longa da carreira de Sara Antunes e, segundo ela, o mais diferente de todos. “Há uma criação em parceria. Em geral, participamos dos filmes só para atuar. Esse foi mais colaborativo”, comenta.

As mudanças no roteiro foram feitas até mesmo durante a cena. Tanto Sara como Odilon tiveram liberdade em propor alterações no texto, no clima da cena. “Ele dirige com muito afeto e muita escuta. Além disso, o Cris é muito assertivo. Então, quando diz não, é não, e recebemos isso com a segurança que ele transmite. O roteiro é um guia”, diz Odilon. Completam o elenco do filme os atores Samira Ávila, Dayane Lacerda, Ludmila Ramalho, Inês Peixoto, Cynthia Falabella, Alexandre de Sena, Renato Parara, Gilberto Scarpa, Fafá Rennó e Brisa Marques. 

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